Um mestre de uma obra, de 41 anos, foi indiciado por homicídio a título de dolo eventual pela morte de um servente de pedreiro, ocorrida no dia 17 de dezembro de 2014, no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande. A vítima, Francisco Zacarias Neto, conhecida por "Ceará", foi morta por disparo de arma artesanal, feita de madeira, uma ratoeira e cano de metal, com acionamento semelhante a uma espingarda cartucheira, por meio de um fio de naylon.
O inquérito instaurado pela Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), da Polícia Judiciária Civil, foi encaminhado ao Fórum de Várzea Grande, na última sexta-feira (20.03).
A armadilha estava foi instalada dentro da residência pelo responsável pela obra para pegar pessoas que estaria furtando materiais de construção e elétricos. Ele foi indiciado por homicídio, dolo eventual, por ter assumido o risco de produzir o resultado morte, ao instalar a armadilha.
De acordo com o delegado Antônio Carlos de Araújo, que presidiu as investigações, o suspeito armava o mecanismo à noite e desarmava na manhã do dia seguinte, e naquele dia havia se esquecido de desfazer o acionamento da armadilha. "O servente pedreiro desconhecia existência da armadilha e teria se aproximado, caminhado para o outro ambiente, no qual estava a armadilha, em direção a uma sacada, momento que a testemunha ouviu o estrondo do disparo, correndo para ver o que teria acontecido, constatando que o servente estava ferido, sangrando e pedindo socorro", explicou o delegado.
Conforme o delegado, a testemunha correu para pedir ajuda, mas quando retornou a vítima estava em óbito. A testemunha, que trabalhava como pedreiro na obra, informou que quando começou a trabalhar na construção, o artefato já estava lá, porém, não soube dizer que teria mandado montar a armadilha.
O mestre de obras negou que teria feito a armadilha e tampouco sabe quem fez a arma artesanal, com madeira e ratoeira, visando pegar pessoas que supostamente andavam furtando materiais de construção.
Perícia
O laudo de necropsia atestou que a vítima sofreu lesão por ação de perfuro contundente sugestivo de arma artesanal,com chumbo, lesando grande vaso que irriga a perna (artéria femural) seccionando-a completamente, levando a rápida e volumosa perda sanguínea com consequente choque hipovolêmico, causa direta do óbito.
A perícia na arma de fogo artesanal concluiu que trata-se de uma arma de fogo espécie de uma espingarda (arma de fogo longa) de calibre real 28; com capacidade para 1 tiro; com alma dos canos lisa; tendo classificação legal de uso permitido e eficiente para produção de tiros. "A arma está classificada como arma de fogo pela lei", disse o delegado.