segunda-feira, 13/maio/2024
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Mato Grosso teve 2,4 mil casos de desaparecimentos de pessoas em 3 anos

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Nos últimos três anos Mato Grosso registrou 2.449 casos de desaparecimento de pessoas. Só em 2014, o Núcleo de Desaparecidos, da Polícia Civil, recebeu 801 ocorrências e destas 243 ainda não foram solucionadas. Responsável pelo departamento, o delegado Luciano Inácio diz que a maioria das pessoas possui mais de 18 anos e é do sexo feminino. Em casos mais complexos, o desaparecimento acaba sendo na verdade morte seguida de ocultação de cadáver.

Em 2012, 786 pessoas foram consideradas desaparecidas, uma média de 65,5 “sumiços” por mês. No ano seguinte o número aumentou, indo para a marca de 862 desaparecimentos, o que consequentemente elevou a média para 71,8 pessoas desaparecidas mensalmente.

Apesar dos altos números, a maioria dos casos é solucionada pela Polícia Civil. O delegado explica que grande parte das queixas acaba sendo resolvida pelas próprias pessoas consideradas desaparecidas. “Isso porquê a verdade é que elas não tinham sumido. Essas pessoas têm o perfil daquelas que não se preocupam muito com o que está fazendo e saem de casa tomando rumo ignorado para espairecer e depois decidem voltar”. Inácio pontua que, em se tratando desses casos, geralmente são jovens entre 18 e 24 anos e que muitas vezes já possuem um histórico de desaparecimento.

Crianças e idosos representam uma minoria no quadro e quando acontece de desaparecerem, procura é curta, pois logo são encontrados. “É raro alguém ver uma criança perdida na rua e não acionar a polícia para informar. É claro que existem exceções que acabam se tornando outro tipo de crime, como o sequestro, por exemplo”.

Quanto aos procedimentos quando uma pessoa desaparece, Inácio diz que cada caso é tratado de maneira individual. Segundo ele, não existe um horário certo para considerar o desaparecimento de uma pessoa e fala que são os próprios familiares e amigos que informarão à polícia se o tempo em que a pessoa não é vista pode ser considerado como um sumiço. “A família sabe a rotina dos parentes. Se a mãe sabe que o filho geralmente está em casa às 20 horas, já são quase meia noite e ele não chegou, algo está errado. E se depois de tentar contato com ele e os amigos mais próximos e não conseguir retorno, é neste momento que a polícia deve entrar em ação”.

Inácio pontua que existem inúmeras situações em que a saída do lar se dá pela própria vontade do desaparecido. “Já nos deparamos com casos em que o marido saiu para comprar cigarro e foi encontrado 20 anos depois, em outro Estado, já com outra família e vivendo como se nada tivesse acontecido”.

Na semana passada, o delegado se deparou com um caso de desajuste familiar, que é quando uma pessoa abandona a família por não querer mais viver com ela. Uma adolescente de 15 anos já estava fora de casa há um ano e meio e sua mãe ainda a procurava. A menina foi vista no bairro Umuarama, em Cuiabá, e o policial, juntamente com a responsável, se dirigiu até o local e a encontrou andando na rua. Ao tentar se aproximar, a adolescente se mostrou muito agressiva e disse não querer retornar para o lar da família. “Na verdade nem a mãe dela queria que ela voltasse. A responsável só desejava saber se ela estava bem e onde estava vivendo.

Pois a convivência com a filha era precária há muito tempo”. Por ter em seu nome o registro de vários furtos, a menina acabou sendo encaminhada para uma unidade socioeducativa e agora está sob os cuidados do Estado.

Existem também circunstâncias em que é nítido que o desaparecimento vai além do que aparenta ser, e se trata de um homicídio seguido de ocultação de cadáver. “Temos casos aqui que seguem a mesma linha do que aconteceu com a jovem Maiana Mariano. São pessoas que têm uma rotina pré-estabelecida e dificilmente sumiriam sem dar notícias para família”, explica Inácio.

No momento, o delegado está com dois casos que, segundo ele, infelizmente possuem indícios de que se tratam de homicídios. Ambos aconteceram em Cuiabá, e são relacionados a uma garota e um rapaz, de 19 e 21 anos, respectivamente. A garota, apesar de jovem, já morava sozinha, e trabalhava e estudava. O contato com a família era contínuo, até que um dia desapareceu sem deixar vestígios para onde teria ido. “Ela não fugiu, até porquê todas as coisas dela estavam intactas, roupas, documentos, os móveis da casa. Ela simplesmente sumiu e, provavelmente, não estava em casa quando isso aconteceu”.

Já o rapaz possuía um histórico que o colocava diante do risco de perder a própria vida. Ele sempre andou com criminosos e tinha envolvimento com o tráfico de drogas, o que o tornou também um dependente. Segundo Inácio, a última vez que a família teve notícias do jovem foi antes de ele ir para uma festa em um bairro conhecido pelo alto índice de crimes.

Provavelmente ele se envolveu em uma situação em que não conseguiu fugir e o pior aconteceu. Não podemos afirmar, essa é uma hipótese, mas que temos todos os motivos para acreditar que o fim dessa história é trágico”.

Quando o desaparecimento se prolonga por anos, o caso acaba sendo deixado de lado para que as novas demandas sejam atendidas. “É evidente que cai no esquecimento, mas temos ao nosso lado os familiares que também acabam fazendo parte da nossa equipe e nos alertam sobre uma nova pista. Daí, então, as diligências são retomadas no intuito de encontrar a pessoa”.

Ocupando o cargo de chefe do Núcleo de desaparecidos a pouco mais de três meses, Luciano Inácio já elaborou diversos projetos para melhorar o sistema de busca às pessoas desaparecidas. Um deles é a implantação do site do departamento. O modelo partiria a exemplo do que já funciona em São Paulo. “Mas quero que tenha mais detalhes, além da foto, nome e telefone de contato, queremos colocar pequenos textos descriminando o último local onde a pessoa foi vista, qual a rotina da pessoa e até mesmo cidades onde ela teria parentes”.

Um outro projeto seria triagens sociais desenvolvidas junto a andarilhos. “Nas rodoviárias, nas estradas, nas cracolândias, em todos estes lugares podemos nos deparar com pessoas perdidas. Sendo assim, faríamos um cadastro seguido de triagem para saber se alguma destas pessoas não é considerada desaparecida”.

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