Neste ano, o número de focos de queimada em Mato Grosso já é 60% maior que o mesmo período de 2011. Os dados captados pelo satélite Aqua UMD, usado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o monitoramento, mostram que até esta sexta-feira (11) o Estado registrava 1.629 focos. Com a aproximação do período de seca, o temor de autoridades e especialistas é que o número de incêndios cresça ainda mais.
Vários fatores ajudam a explicar o aumento. O número de focos obedece um ciclo, uma vez que as chamas consomem a vegetação, conhecida como maciço florestal. Como o ano passado foi atípico, com baixa queima, a quantidade de massa inflamável existente é maior. Além disso, as chuvas do final de 2011 e dos primeiros meses deste ano estiveram abaixo da média histórica.
Mato Grosso é o líder nacional em focos com 16,9%, mais do que a soma dos encontrados nos estados vizinhos de Mato Grosso do Sul, com 688, e Pará, que teve 508 registros. O cerrado e a Amazônia, 2 dos 3 biomas que compõem a vegetação do Estado respondem por mais de 56% dos focos registrados no Brasil. Dos 10 municípios com maior número de focos, 5 estão no Estado. Somado com o Pantanal, com 5,6%, o índice passa dos 60%.
São eles Nova Maringá (400 km a médio-norte da Capital), Brasnorte (579 km a noroeste da Capital), Querência (945 km a nordeste da Capital), Nova Ubiratã (502 km ao norte da Capital) e Feliz Natal (536 km ao norte da Capital). O campeão nacional em focos de incêndio é o município de Corumbá (MS), com 418.
O analista ambiental do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Marcelo Oliveira, destaca que para o combate aos incêndios o órgão contratou cerca de 260 brigadistas. Em equipes de 15 a 29 pessoas, os grupos serão colocados em 10 municípios, definidos após estudos de técnicos do Prevfogo em Brasília.
Após a contratação, os brigadistas são treinados e equipados para realizar o trabalho de conscientização, prevenção, combate e, até mesmo, auxiliam o reflorestamento de áreas atingidas com a produção de mudas nativas. “O foco principal é o combate e a prevenção, mas quando há a possibilidade, os brigadistas deixam milhares de mudas prontas para a recomposição do bioma”, disse Oliveira.
As cidades são escolhidas por uma metodologia que leva em consideração a quantidade de maciços florestais, de assentamentos, unidades de conservação, terras indígenas e, o mais importante, a quantidade de focos de calor. “Isso não quer dizer que estes municípios sejam, naquele momento, os mais críticos”. O trabalho é feito em todos os estados e intensificado no período da seca, que vai de junho a novembro.
Para Oliveira, além dos fatores ambientais, é fundamental o engajamento da população para evitar cenários catastróficos, como o corrido em 2010. Naquele ano, com a falta de chuvas e a grande quantidade de maciços florestais, mais de 2 mil focos foram registrados apenas nos 4 primeiros meses do ano. “É um trabalho que nunca cessa. Como o ano passado teve um baixo índice de queimas, era natural que houvesse um crescimento neste ano, mas isso pode ser minimizado, tanto com a atuação das brigadas quanto pela postura de produtores, assentados e da população em geral”. O analista pontua que, com a atuação de todos, mesmo que existam fatores que aumentem o risco, os índices podem se manter baixos.