O juiz federal de Sinop, Murilo Mendes, aguarda as cartas precatórias para interrogar os acusados de exploração ilegal de produtos florestais no Parque Nacional do Xingu, presos na Operação Mapinguari, mês passado, e que continuam detidos no presídio Ferrugem. São dez, entre eles estão os empresários Nei Francio e Luciane Francio, de Sorriso, proprietários de fazenda vizinha ao parque. Todos deverão se apresentar na sede da Justiça Federal.
As denúncias de crime ambiental foram feitas pelo Ministério Público Federal. A Justiça acatou e processou 48 pessoas, entre eles madeireiros e fazendeiros da região, além de ex-chefes do Ibama em Sinop. Alguns indígenas, que também tinham sido presos acusados de facilitar a retirada da madeira do parque, foram ouvidos e liberados, entre eles o cacique Ararapan Trumai e o índio Mayaute Trumai (seu filho).
Ararapan confirmou que um madeireiro da região retirava ilegalmente madeira do parque, sem autorização da Funai – Fundação Nacional do Índio. Também informou que não teria recebido nenhum valor pelo produto, mas que, pelo acordo, seriam pagos R$ 100 por metro cúbico. Também confirmou que o empresário teria prometido entregar uma caminhonete para a aldeia, e que o veículo já teria sido escolhido em uma concessionária em Sinop, mas o acordo não foi cumprido.
Pela acusação, a exploração desenfreada de produtos florestais na região vinha ocorrendo há muito tempo. Relatório parcial efetuado pelo Ibama, em novembro de 2006, constatou inúmeras infrações e ilegalidades quanto às concessões de planos de manejo, licenças ambientais, autorizações de exploração florestal, e, recentemente, guias florestais, revelando a ineficiência do Poder Público regulador – Ibama, Fema e seu sucessor, Secretaria de Meio Ambiente.