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Laudos sobre morte de agente penitenciário de Cuiabá são contraditórios

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Titular da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), Antonio Carlos Garcia afirma que as facas apreendidas com os presos que iniciaram o motim da última segunda-feira (20) na Penitenciária Central do Estado não causaram a morte do agente penitenciário Wesley da Silva Santos, 24. Nesta quarta-feira, laudo divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) concluiu que um “chuço”, faca artesanal fabricada pelos presos, provocou a morte do agente. Porém, 1 dia antes, o próprio IML emitiu atestado de óbito, obtido pela equipe de reportagem, onde é constatado que Silva foi vítima de perfuração por Projétil de Arma de Fogo (PAF).

Segundo Garcia, no momento está descartada a exumação do cadáver. Mas ele ressalvou que, no decorrer das investigações, os testemunhos e provas obtidos podem exigir novos exames que confrontem o laudo, por ora conclusivo. “A exumação pode ocorrer a qualquer tempo, inclusive no momento de instrução do processo”.

O último laudo do IML aponta como causa da morte do agente hipovolemia (perda excessiva de sangue causada pelo ferimento do coração, ocasionado pelo golpe de chuço). O golpe teria causado ferimento contuso com entrada no oitavo espaço costal direito com lesão do estômago, diafragma e ventrículo esquerdo do coração, causado por instrumento perfuro contundente. O documento também atesta que o agente sofreu ferimento no antebraço esquerdo com fratura e ápice do pulmão direito causado por projétil de arma de fogo calibre 12.

Segundo um médico consultado que não quis se identificar, para que haja este tipo de lesão, com entrada lateral, conforme dito pelo delegado titular do DHPP, em Santos, que tinha cerca de 1,78m, seria necessário instrumento maior do que uma faca de cozinha grande. A análise foi baseada na posição do agente no momento em que foi rendido pelo preso Uenes Brito dos Santos, 22, que terminou morto por tiros de arma calibre 12, disparados pela equipe de contenção da Polícia Militar.

Agentes penitenciários informaram que o outro servidor envolvido no ataque, Antenor Vilela Velasco, afirmou, enquanto era socorrido, que viu que o tiro havia vitimado o colega. Além disso, alguns carcereiros notaram que o “chuço” usado por Brito não tinha marcas de sangue e era diferente do apresentado pela PM. Logo após chegar ao presídio, Garcia havia afirmado, ainda no local, que o orifício encontrado em Silva se assemelhava a uma perfuração por arma de fogo.

O delegado já tentou ouvir o colega de Silva, mas Velasco ainda está abatido e traumatizado, sem condições de testemunhar. No momento do ataque ele conseguiu se libertar dos presos, mas passou mal e teve uma crise de hipertensão.

Agora, para esclarecer o crime, Garcia pretende, inclusive, analisar as imagens do circuito interno do presídio. Nos próximos dias, a delegada que preside o inquérito, Anaíde de Barros, vai continuar ouvindo agentes e presos que estavam próximos, inclusive Velasco, que pode ser fundamental na elucidação da morte do agente.

Procurado para comentar o caso, o diretor metropolitano de Medicina Legal, Jorge Caramuru, não foi localizado.

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