A nova etapa do curso de formação de instrutores de justiça restaurativa e facilitadores de círculos de construção de paz mais complexos foi, ontem, em Cuiabá, buscando capacitar profissionais para atuar em situações de conflito mais complexas, promovendo a reintegração, a tomada de decisões colaborativas e o apoio mútuo. A formação é conduzida pela pedagoga e especialista em Neurociência e Comportamento, Katiane Boschetti da Silveira, com ampla experiência na implementação de práticas de justiça restaurativa no judiciário e explicou que as orientações, “no pré-círculo, falamos sobre a participação do ofensor: admissão, reconhecimento, autoria. Dependendo da linha do autor, temos novas ideias”, disse. Em seguida, haverá duas etapas com orientações.
Ela destacou ainda que a justiça restaurativa já é aplicada em Mato Grosso em situações que vão além do crime. “Mato Grosso é prova de que ampliamos. Não acontece só em situações de crime. Existe a vergonha reintegrativa. Essa vergonha de fato só acontece quando eu me deparo com o outro, quando tenho noção do impacto que causei no outro. Não é a ideia ocidental de culpa”, explicou.
Katiane acrescentou que a justiça restaurativa busca cuidar da vítima, mas também olhar para as necessidades do ofensor, evitando reincidência. “O que deve acontecer é que a pessoa acusada pode ficar cercada por aqueles que a amam. Se o ofensor não aceita participar de um encontro entre vítima e ofensor, a justiça restaurativa nasce para cuidar da vítima, mas também para olhar para as necessidades desse ofensor, para que ele não volte a cometer infrações”, afirmou.
O módulo 1 prevê cinco encontros semanais, realizados de forma virtual e os próximos serão dias 20 e 27 e 3 de setembro. O módulo 2 será presencial, de 8 a 12 de setembro e o 3 terá quatro encontros virtuais entre setembro e dezembro, enquanto o módulo 4 corresponde ao estágio supervisionado, com execução prática de círculos de paz complexos.
O curso adota metodologia ativa e vivencial, permitindo aos participantes desenvolver habilidades práticas, compreender a teoria dos conflitos e aplicar técnicas restaurativas em diversos contextos sociais. O conteúdo programático aborda temas como o papel e as competências do instrutor, tipos e aplicação de círculos de paz mais complexos, construção de consensos e planejamento de vivências práticas. Ao todo, a formação tem carga horária de 100 horas-aula, distribuídas entre atividades virtuais, presenciais e estágio supervisionado, informa a assessoria do Tribunal de Justiça.