
Essa prática tem se mostrado extremamente eficiente, como salientou Jorge Tadeu. “Em Mato Grosso do Sul, o número de reincidência caiu de 80% para 3% depois que o Executivo adotou como política o incentivo de convênios com empresas, para que estas utilizassem a mão de obra de recuperandos”.
O secretário Márcio Dorilêo quer encorajar e ampliar este tipo de ação, que já conta com alguns exemplos de sucesso em Mato Grosso, como o realizado com a concessionária Rota do Oeste na BR-163, que já chegou a contratar quase 100 recuperandos do sistema penitenciário mato-grossense. Eles foram contratados por meio de uma parceria entre a empresa, responsável pela execução das obras na rodovia, e a Sejudh.
Outro exemplo se deu em Cáceres, onde os condenados que ascendem ao semiaberto já o fazem com um emprego garantido. A nova modalidade de contratação garante salário para as famílias no valor de R$ 834,00. O valor é composto por um salário-mínimo (R$ 724,00) mais o acréscimo de uma cesta básica no valor de R$ 110,00, entregue diretamente para a família.
De acordo com o último levantamento feito pela comarca daquele município, o número de condenados trabalhando em Cáceres aumentou de 20 para 40 e deve chegar a 70. Eles realizam, entre outros trabalhos, coleta de lixo, limpeza de praças e outros espaços públicos.
O uso das tornozeleiras eletrônicas permite a adesão a projetos desta natureza. “Elas são a garantia de poder colocá-los, por tempo determinado e sob vigilância, em convívio social e isso acaba diminuindo os gastos do Estado com aquele indivíduo, facilitando sua reinserção e promovendo o bem-estar de sua família, entre outros benefícios”, explicou o coronel Castro.
Dorilêo questionou sobre o papel dos Conselhos da Comunidade e destacou que a nova gestão vai prezar pela humanização do sistema. “Queremos promover a aproximação da comunidade com a prisão e da prisão com a comunidade, por meio do Conselho da Comunidade, que pode favorecer o desvelamento e o enfrentamento de esquemas que originam e reforçam a criminalidade. Devemos compreender que a prisão e as pessoas lá detidas integram a mesma sociedade em que vivemos, e não um mundo à parte sobre o qual nada temos a ver”.
O secretário acrescentou que neste sentido os Conselhos da Comunidade operam como um mecanismo para esse reconhecimento e para que a sociedade civil possa efetivamente atuar nas questões do cárcere, quer para humanizá-lo, quer para que as pessoas que lá estão possam retornar ao convívio social a partir de uma perspectiva mais reintegradora.


