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Juízes do Trabalho em MT fazem paralisação mas descartam greve

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"Sem risco de greve por enquanto". Essa afirmação é do presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho da 23ª Região (Amatra 23), Ivan Tessaro, sobre a possibilidade de futuras paralisações da Justiça do Trabalho em Mato Grosso. Ele aguardará, nas próximas semanas, o posicionamento do movimento nacional sobre a repercussão da paralisação realizada hoje pelos 3,6 mil juízes brasileiros, dos quais 77 do Estado. No total, 20 mil audiências foram remarcadas, pelo menos 350 nas 33 Varas mato-grossenses (24 interior e 9 na capital). O objetivo principal dos manifestantes é sensibilizar a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, quanto à importância de recompor as perdas salariais da categoria que já chegam a 22% e estão acumuladas desde 2006. Por enquanto, o governo só acenou com 5%.

Também são cobradas do governo federal: a implantação de uma política nacional de segurança para os magistrados que se expõem a riscos de morte no exercício das suas funções, uma política previdenciária mais adequada, principalmente no quesito aposentadoria, e um melhor sistema de saúde. Dados da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) mostram que os juízes têm apresentado percentual maior taxa de adoecimento em relação ao conjunto da sociedade, pois extrapolarem a jornada de trabalho praticamente todos os dias, levam trabalho para casa e trabalham nos fins de semana para atingir a cota de produtividade. "Muitos são acometidos por depressão, ansiedade, LER/DOT, que é a lesão por movimento repetitivo, por passarem muito tempo em frente ao computador", explica Tessaro.

Durante o ato público realizado no Tribunal Regional do Trabalho – TRT 23ª Região, os juízes federais Célia Regina Ody Bernardes e Raphael Cazelli de Almeida Carvalho – delegado da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) no Estado – se mostraram preocupados especialmente com o quesito segurança. Atualmente, a Polícia Federal faz escolta e apoio operacional durante a deflagração de operações, mas a ausência de regras claras e preventivas nessa área traz muito medo, ansiedade e solidão. "Com quem contar? E se alguém da minha família estiver em perigo?", pontua o juiz Raphael Carvalho, que trabalhou por cinco anos em Cáceres (210 km da capital – fronteira com a Bolívia) e sofreu quatro ameaças. Após a morte da juíza Patrícia Aciole, no Rio de Janeiro, a sensação de insegurança aumentou, em razão disso uma comissão foi criada por representantes do Tribunal Regional Federal da 1ª Região para tratar especificamente do assunto.

Representando os juízes estaduais, o presidente da Associação Mato-grossense de Magistrados (Amam), Agamenon Alcântara Moreno Júnior, afirma que a pauta de reivindicações dos juízes do trabalho é extremamente pertinente e que mesmo não tendo aderido à paralisação, os ganhos com o movimento beneficiarão a esfera estadual que também está com salários defasados e sofre de problemas similares aos dos demais colegas. Casos de ameaças, por exemplo, são comuns e até em razão disso o governo do Estado designou que a segurança para magistrados sob risco deve ser feita pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

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