
Só Notícias teve acesso a decisão e o magistrado considera que o Ferrugem tem capacidade para 325 presos e conta, atualmente, com mais de 820, quase metade a é formada por presos provisórios. “Um número significativo (que pode atingir até mais que 50%) é oriundo das demais comarcas existentes no norte mato-grossense, mas também alguns deles são de outras regiões do Estado. A situação não é diferente na unidade prisional feminina”.
Guerra apontou ainda que a superlotação das unidades prisionais é causada pela falta de centros de detenção provisória em praticamente todo o Estado. Para ele, no entanto, os juízes podem buscar alternativas para contornar a situação. “Sugiro que adotem parcerias junto às entidades ou clubes de serviço, bem como a própria sociedade local, contando, inclusive, com a mão de obra carcerária, no sentido de que sejam construídas nas comarcas de menor expressão pelo menos umas três celas, e nas de média expressão quatro celas, sendo que em ambos os casos, uma deve ser adequada à população carcerária feminina”.
A partir de agora, destacou o magistrado, os pedidos de transferências de réus condenados também passarão por análise. “Deverão estar motivados e uma vez deferidos, as guias de execução correspondentes, devidamente instruídas ainda que se trate de execução provisória, deverão ser encaminhadas a esta Vara de Execuções Penais contemporaneamente à transferência solicitada”.
Cópias da determinação foram enviadas ao governador Pedro Taques (PSDB), ao secretário de Justiça e Direitos Humanos, Marcio Frederico de Oliveira, secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, Procuradoria Geral do Ministério Público Estadual, Corregedoria Geral de Justiça, Superintendência de Presídios em Mato Grosso, e diretores de unidades prisionais em municípios do Nortão.
Uma pessoa que trabalha no presídio Ferrugem e preferiu não se identificar, confirmou, ao Só Notícias, que a unidade está superlotada, o que sobrecarrega a estrutura física e compromete a segurança dos presos. “Tem mais do que o dobro de detentos. Há uma sobrecarga na parte hidráulica e elétrica, mas o que mais preocupa é a questão da segurança. Fica mais instável. Por outro lado, temos um pessoal bem treinado e profissional que tem conseguido controlar a situação, apesar do efetivo ser abaixo do necessário”, explicou.
O Ferrugem foi construído no Alto da Glória, a 12 km da cidade, inaugurado em 2005 e batizado com o nome de um delegado que atuou por vários anos na região. O investimento foi de R$ 12 milhões, rateado entre Governo Federal, Estado e município. Desde sua abertura, o presídio é gerido pelo governo estadual e recebe presos de várias cidades da região e de Mato Grosso. Em dez anos de existência, diversos motins, alguns até com reféns, além de fugas aconteceram.
Não foi informado número de detentas no Anexo Feminino em Sinop.


