
Lanfredi explica que a implantação do projeto pelos Tribunais de Justiça não é uma imposição, já que o CNJ está discutindo a proposta com todas as instituições judiciárias do país. “Não é uma verticalização. O projeto está sendo avaliado e executado de acordo com a realidade de cada estado”, ressalta, completando que o projeto-piloto está em desenvolvimento no Fórum Ministro Mário Guimarães, em São Paulo, local para onde são encaminhados todos os autos de prisão em flagrante delito lavrados na capital paulista.
O presidente Paulo da Cunha disse que pretende implantar o projeto em Mato Grosso, começando pela capital, e expandindo posteriormente para o interior.
“A estrutura quem vai nos proporcionar é o Executivo, porque neste espaço vai funcionar a Defensoria Pública, Ministério Público e o Judiciário. Esta estrutura tem que ser de comum acordo entre todos e o Executivo seria um grande parceiro nesta empreitada”, diz o presidente.
Para a juíza auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça, Amini Haddad Campos, a audiência de custódia veio para dar funcionalidade ao sistema de direitos humanos. “É importante que o Brasil tenha uma sistemática de atendimento, que estejamos presentes nas relatorias de direitos internacionais, de direitos humanos, na ONU. Não é possível mais manter o sistema atual. É evidente que o atual sistema não nos traz respostas de segurança pública, então é necessário trabalharmos em conjunto, Executivo e Judiciário, tornando viável este projeto”.
Ela explica que o próximo passo é formar uma comissão para estudar o assunto. “A corregedora Maria Erotides tem como uma de suas prioridades as audiências de custódia. Mas não é só isso, estamos implantando também a Justiça restaurativa, para tornar viável todo o sistema preventivo. É importante conjugarmos esforços, pois nós precisamos de outras respostas penais”.
O juiz do CNJ também foi recebido, esta tarde, pelo governador Pedro Taques, onde também foi apresentado o projeto, já que para a audiência de custódia ser implantada ela precisa da parceria entre Executivo e Judiciário. Taques (que é ex-procurador de justiça) ressaltou que o Executivo integrará esta comissão e fará uma análise do projeto. “Os secretários de Justiça, Marcio Dorileo, e de Segurança Pública, Mauro Zaque, farão estudo e dentro de 30 dias apresentarão o resultado, para ver a possibilidade de implantação do projeto. O Executivo faz gosto que este projeto seja implementado depois dos estudos que faremos por meio destes dois secretários”.
A assessoria do Tribunal de Justiça informa também que as audiências de custódia podem ajudar a reduzir o número de presos provisórios. O Brasil tem cerca de 600 mil, sendo que 40% delas são presos provisórios. Em Mato Grosso são 9.800 pessoas estão nos presídios e cadeias e 57,6% são provisórios. Se for levado em consideração apenas as unidades prisionais da Capital este índice salta para 63%, de acordo com dados do último mutirão carcerário realizado no Estado, em agosto de 2014.


