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Jovens do Nortão vão estudar agroecologia e mobilização social

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Mostrar os principais conceitos e algumas experiência em agroecologia para 32 jovens, e oferecer uma formação especial de mobilização social para as comunidades rurais. Esse é o objetivo do curso oferecido pelos projetos Diálogos e Gestar para jovens da zona rural do Território Portal da Amazônia, no extremo Norte de Mato Grosso.

Serão sete módulos até setembro. O primeiro começa amanhã, em Lucas do Rio Verde, com a disciplina de comunicação comunitária – que vai oferecer ferramentas de comunicação e mobilização para que serem aplicadas pelos jovens em suas comunidades. Serão trabalhados os temas cooperativismo e associativismo, agroecologia, política agrária e acesso ao crédito, gestão ambiental rural e gestão territorial e elaboração de projetos e captação de recursos.

Segundo José Alesando Rodrigues, coordenador do projeto, este curso surgiu inspirado no curso de formação de lideranças Buriti, oferecido pela Universidade do Estado de Mato Grosso de Colíder e o Instituto de Formação e Assessoria Sindical Rural (Ifas) em 2005. Como o financiamento da cooperação espanhola Manos Unidas não poderia se repetir, a idéia foi incorporada no planejamento do Gestar e Projeto Diálogos, uma vez que a iniciativa foi avaliada como de extrema importância pelos movimentos sociais locais.

“Quando se fala em agricultura familiar é preciso pensar na continuidade dessa atividade, então esse curso é um espaço que pode oferecer uma perspectiva para o jovem, se quiser, permanecer no meio rural, tendo a capacidade de mudar a realidade em que está inserido”, afirma Rodrigues.

A proposta pedagógica do curso foi elaborada de modo a sintonizar com as lutas e necessidades dos movimentos sociais do meio rural. Por isso, a orientação será da pedagogia da alternância, que se propõe a respeitar o tempo da vida e o tempo da escola, intercalando atividades presenciais e extra-muros. “O nosso objetivo é oportunizar conhecimentos para que esses jovens possam trabalhar nas suas comunidades, e que não sejam apenas teóricos. Então teremos momentos na sala de aula e fora dela, para experimentar coisas, partir do que sabem, mas também concretizar essas idéias”, explica Anderson Flores, coordenador pedagógico do curso.

Também foram selecionados quatro princípios fundamentais que vão orientar todas as atividades: postura cooperativa, compromisso com o interesse público, perseverança e respeito à diversidade. “Queremos um mundo justo, é isso que vai permear a questão do respeito à diversidade. Não significa que não fazemos escolhas ideológicas, mas que somos como uma mesma bandeira com muitas cores. Integrar esses jovens também vai provocar o interesse pelas outras comunidades e ver que a sua tem uma realidade muito parecida com a dos colegas que estão ali no curso, isso pode fazer despertar esse interesse público”, aponta Flores.

Além disso, pensar e exercitar a cooperação e a postura pro-ativa são fundamentais para os processos de organização e mobilização comunitária. Por fim, o quarto princípio considera que as lutas sociais têm suas dificuldades, e por isso é preciso ter a perseverança de tentar chegar ao que se almeja ou planeja por diferentes caminhos. “É o que diferencia a perseverança da teimosia, não é na primeira tentativa que se consegue alcançar um objetivo, mas é preciso tentar de diferentes formas” conclui.

O projeto Gestar Portal da Amazônia é desenvolvido pelo Instituto Centro de Vida e tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento rural sustentável, apoiando e valorizando as iniciativas locais e regionais já em ação, além de integrar políticas governamentais federais, estaduais e municipais que envolvam diretamente as comunidades na região.

O projeto Diálogos é uma parceria entre Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB), Centro de Cooperação Internacional em Pésquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad, na sigla em francês), Instituto Centro de Vida( ICV), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e WWF-Brasil e tem apoio da Comunidade Européia. Seu objetivo é apoiar o diálogo entre os diversos atores da sociedade, setores público e privado, tendo em vista a construção e implementação de políticas que visem a sustentabilidade social, econômica e ambiental na área de influência da BR 163, na Amazônia Brasileira.

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