O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) está desenvolvendo projeto que prevê uma espécie de zoneamento da floresta amazônica em toda a América do Sul. Por meio dele, será possível identificar, além das áreas de floresta intocada e desmatada, aquelas onde houve rebrota –ou seja, em que a mata se recuperou depois de sofrer o corte.
A intenção é criar uma ferramenta que ofereça aos governos sul-americanos um mapeamento dos trechos de floresta antropizada (que já sofreu ação do homem). Com isso, é possível por em prática uma política de incentivo à ocupação dessas áreas como alternativa ao desmatamento de floresta virgem, cujo prejuízo ambiental é considerado maior.
Iniciado há um ano, esse zoneamento ainda se restringe ao Brasil. Até agora, foi analisado todo o Acre, além de parte de Mato Grosso. Mas o objetivo, de acordo com o Inpe, é repassar a técnica para todos os outros países por onde a floresta amazônica se estende. Para isso, depende de financiamento internacional.
“A gente quer que a floresta seja preservada, mas não podemos simplesmente sustar a atividade agropecuária na região. Porém, se a gente der uma idéia de onde estão essas áreas de rebrota, que deixaram de ser ocupadas mas foram desmatadas há dez ou 20 anos, é uma maneira de preservar a floresta na América do Sul”, disse o geólogo Paulo Roberto Martini, um dos envolvidos no projeto.
O zoneamento é feito usando quatro conjuntos de imagens de satélite da floresta: de 1980, 1990, 2000 e 2007. A partir da comparação das imagens, os técnicos fazem um mapa no qual identificam onde está a floresta virgem, as áreas desmatadas, os fragmentos de floresta (ilhas verdes em meio a grandes desmatamentos) e as rebrotas.