Ao contrário do que as lideranças indígenas definiram em acordo com autoridades, os índios ainda não liberaram o funcionamento da balsa no rio Xingu que dá acesso de São José a BR-080- Peixoto de Azevedo e a BR-163. Tomada pelos nativos desde segunda-feira. Segundo informações de caminhoneiros e viajantes “ilhados” em São José do Xingú, desde segunda-feira, quando os indígenas tomaram a balsa, que nenhum veículo tem passagem no local. “A situação está caótica aqui. Já está começando a faltar produtos e muitos caminhoneiros e pessoas que estavam de passagem não tem mais dinheiro para se manter”, disse ao Só Notícias, por telefone, Eloir Freitas, morador de Sinop, que está “preso” no em São José.
Segundo ele, mais de 50 caminhoneiros, muitos com cargas perecíveis que já estão estragando, estão parados em um posto próximo ao local da travessia. “Nós estamos organizando um movimento para cobrar alguma atitude do prefeito de São José do Xingu, mas tivemos a informação de que ele não está no município”, disse Eloir. Ele também disse que ao contrário do que acontecia na BR-163, em Itaúba, durante os bloqueios, em momento algum os índios liberam a passagem no Xingu, “Aqui está tudo parado desde segunda” afirmou. Ontem, quando as lideranças encerraram o bloqueio na rodovia também foi anunciado que a balsa seria liberada no Xingu pois as reivindicações eram as mesmas.
Os índios das tribos Caiapó e Juruna, que tomaram a balsa, a levaram “rio a baixo”, para perto de uma aldeia. “Ninguém vai nem muito perto com medo de ser tomado como refém”, explicou Eloir. Os índios protestam contra os impactos ambientais que seriam causados em suas áreas devido à pavimentação da BR-163 de Guarantã do Norte até a divisa com o Pará numa extensão de 54 km. Cobram abertura de estradas dando acesso a suas aldeias.
A BR-163, que também era alvo dos protestos e estava bloqueada desde domingo, foi liberada ontem no Nortão. Caciques das tribos que estavam bloqueando a passagem de caminhões, ônibus, veículos e motos desde domingo reuniram-se com o procurador da República Mario Lucio Avelar e um representante do Ministério dos Transportes. De acordo com o procurador, houve premeditação em anunciar a pavimentar a pavimentação dos 54 km da rodovia porque ainda não saiu a liberação da licença ambiental, por parte do Ibama, para fazer a pavimentação. As autoridades comprometeram-se em enviar um documento para a presidência da República com as reivindicações dos índios serão para serem inseridas no Plano da BR-163 Sustentável.