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Índios ameaçam invadir Alta Floresta por causa de confronto e morte

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Mais de 3 mil índios se preparam para invadir o município de Alta Floresta. O ataque seria uma retaliação à morte do indígena Adenilson Crishi Munduruku, morto durante enfrentamento com policiais federais na divisa de Mato Grosso com o Pará. Por este motivo, a PF mantém na região um efetivo de mais de 100 homens, mesmo após o término das diligências efetuadas durante a operação "Eldorado". A informação foi confirmada pelo superintendente da PF no Estado, César Augusto Martinez, em entrevista coletiva concedida no início da noite desta sexta-feira (9). O temor confirma o clima de tensão existente na região, relatado por lideranças indígenas e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Pará e em Mato Grosso.

Segundo Martinez, a ameaça foi recebida pelos agentes por intermédio das mesmas lideranças, que receberam vários relatos via rádio, única forma de comunicação existente entre as aldeias. "Esta invasão seria feita por índios de várias etnias que vivem em aldeias às margens do Rio Teles Pires, inclusive do local onde ocorreu o incidente".

O superintendente salientou que além da PF, para conter um eventual ataque, o órgão conta com o apoio das Polícias Militar e Civil, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de agentes da Força Nacional de Segurança (FN). "Apenas os nossos 100 homens, integrantes do Grupo de Operações Táticas (GOT) seriam capazes de conter mais de 1,5 mil índios".

Ele entende que o contingente existente hoje seja suficiente para qualquer tipo de confronto e para proteger a cidade. "São homens bem treinados, capazes de realizar qualquer tipo de contenção. Claro que isso varia conforme a postura dos índios. Se forem com arcos e flechas há uma estratégia, se forem armados existe outra".

No entanto, acredita que as ameaças tenham ocorrido "no calor do momento", uma vez que é muito complexo o processo logístico para deslocar esta quantidade de índios pela região. "Todo o transporte é feito por vias fluviais e a navegação noturna é praticamente inviável. Mas por conta dos rumores vamos manter nossa equipe na região". Acredita-se que um plano para o transporte rápido de agentes que estão no município de Sinop também esteja pronto no caso de um ataque dos índios.

Sobre o confronto, que além de um morto deixou 6 índios e 3 policiais feridos, Martinez destaca que foi algo inevitável. "Houve uma negociação na terça-feira (6) que durou mais de 4 horas para que fizéssemos nosso trabalho. A Funai foi avisada, mas acredito que ela não seja capaz de controlar os índios".

Durante a inutilização das 14 balsas, trabalho iniciado na quarta-feira (7) e concluído apenas nesta sexta-feira (9), o superintendente pontua que em nenhum momento houve uma invasão da PF na área indígena. "As balsas estavam no rio, que não pertence à área e tudo havia sido definido. De repente, foram atacados por pelo me nos 100 índios munidos de arcos, flechas e armas de fogo. O revide foi necessário".

Na opinião dele, apesar do confronto, a operação deflagrada em 7 estados, com 28 mandados de prisão, 8 de condução coercitiva e 64 de busca e apreensão foi um sucesso. "Lamentamos a morte, se ela se confirmar, e os feridos, mas do ponto de vista da investigação tudo transcorreu bem". A PF vai analisar a documentação apreendida para iniciar uma segunda fase da operação, que visa desarticular uma rede de exploração clandestina de ouro em terras indígenas.

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