Os assentamentos de famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) tiveram aumento de 140% este ano em relação a 2008. Foram 600 famílias que obtiveram terras contra 250 no ano passado. No entanto, a estimativa é que haja um total de 20 mil famílias que ainda estejam acampadas em Mato Grosso. Este número não engloba apenas o MST, mas outros movimentos que reivindicam a reforma agrária como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri).
Um dos coordenadores do MST no estado, Antônio Carneiro, afirmou que as famílias só puderam ser assentadas em 2009 depois da ocupação do Ministério da Fazenda em agosto. Até este mês, nenhuma família tinha terra. "Nós acreditamos que as informações do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não chegavam a quem detinha o dinheiro. Por isso, fomos à Brasília reivindicar os assentamentos", explicou Carneiro. Com a ocupação, não apenas o número de famílias assentadas aumentou, mas também o crédito para a construção da casa própria. De R$ 2,4 mil para R$ 15 mil. O ato foi para chamar a atenção da Casa Civil e do Ministério do Planejamento que, para o MST, retinha R$ 800 milhões de verbas pertencentes ao Incra para a aquisição de terras.
As 600 famílias assentadas este ano estão em duas áreas, uma localizada em Cláudia e outra em Rosário Oeste. Em 2008, as 250 famílias ficaram em três municípios: Pontes e Lacerda, Nova Olímpia e Poxoréu. Ao todo, são 4,5 mil famílias do MST em 42 assentamentos em Mato Grosso. Ainda restam 2,5 mil famílias acampadas. Elas estão nas áreas há 5 anos e ficam localizadas em 11 acampamentos.
"Acredito que 80 mil famílias então nas periferias das cidades ou em favelas rurais aqui em Mato Grosso", disse Carneiro, que defende o campo como uma forma de dar dignidade as pessoas.