O diretor de Recursos Estratégicos do Ibama, Luís Fernando Merico, informou nesta segunda-feira que o órgão inaugurará no próximo semestre um moderno sistema de monitoramento do transporte de madeira por estradas, em substituição à atual Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPF), que se revelou vulnerável á corrupção.
O novo sistema, a ser implantado pelo computador, via internet, foi planejado para dificultar a prática da corrupção. “Já enfrentamos hoje com sucesso casos de falsificações de ATPFs. Graças também a isso, fizemos o desmatamento cair 31% no último ano. Agora, queremos eliminar de vez casos de falsificações de autorizações”, afirmou Merico. O novo modelo prevê um controle nacional integrado do fluxo de madeira por terra, água e ar. “Pretendemos fechar o cerco a partir da extração da madeira”, adiantou o diretor.
Segundo Merico, a fiscalização da Amazônia é um desafio de grandes proporções e, por isso, precisa constantemente de aperfeiçoamentos, além do envolvimento das três esferas de governo. “Embora recentemente o Ibama tenha feito concurso para admissão de 915 novos servidores, é impossível manter um fiscal do órgão em cada quilômetro quadrado”, afirmou o diretor. “Sendo assim, precisamos do envolvimento de toda administração pública nos municípios, estados e também da articulação dos vários setores do governo federal, além, claro, da sociedade”, afirmou.
Fantástico – Merico informou que a direção do Ibama vai encaminhar à Polícia Federal cópia em vídeo de matéria veiculada no Programa Fantástico, da TV Globo, com denúncias de corte e transporte ilegal de madeira na Amazônia, além de falsificação de ATPFs. “Anotamos o nome de todos os envolvidos citados na matéria e das localidades e vamos apurar o crime com o rigor habitual”, disse o diretor.
Queda – A taxa atual mostra que, além de conter o avanço da extração ilegal, pela primeira vez em nove anos o abate retrocedeu. Foram 8.300 km2 a menos, uma área equivalente a mais de um terço de Sergipe. “Poupamos das motosserras 207.050 mil metros cúbicos de madeira em tora, apreendemos outros 271 mil m3, economizamos R$ 463 milhões. Desde 2003, foram apreendidos 582 mil m3 de madeira; o Ibama lavrou R$ 1,8 bilhão em multas e 271 pessoas foram detidas (63 servidores públicos e 178 empresários madeireiros, despachantes e contadores)”, afirmou o presidente do Ibama, Marcus Barros.
Segundo ele, o Ibama “cortou na própria carne”, prendendo servidores do Ibama envolvidos. O governo confiscou 26 tratores, 54 caminhões e 459 motosserras. Ao mesmo tempo, o recadastramento de imóveis rurais inibiu 30.500 certificados de propriedades irregulares “doadas” pela União. Simultaneamente, o governo criou novas Áreas de Limitação Administrativa Provisória, inclusive em torno da BR-163 (rodovia Cuiabá-Santarém), onde está suspensa, em 8,2 milhões de hectares, qualquer nova ocupação e atividade que implique em desmatamentos.
O Ibama criou 8 milhões de hectares em Unidades de Conservação, homologou mais de 9 milhões de hectares de terras indígenas em áreas de conflito social e agrário, enfrentando grileiros e arcando com os todos os desdobramentos dessa postura. “O governo deu resposta firme aos conflitos, restabelecendo a ordem no campo e reduzindo significativamente a grilagem de terras públicas na Amazônia, sempre com apoio vigilante da imprensa.
Em 64 operações de baixo custo e longa duração, como Caipora, Uiraçu e Pica-pau, contamos com 580 homens do Ibama, além de efetivos humanos e logísticos importantes da Polícia Federal, do Exército, da Polícia Rodoviária Federal e da participação sempre pronta das Polícias Militares Estaduais. Entramos na mata em março e só saímos em novembro”, afirmou o presidente do Ibama, Marcus Barros.