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Índio será julgado 10 anos depois de assassinato em MT

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O índio Marvel Tsowoon Xavante vai a júri popular 10 anos depois de assassinar Floriano Márcio Vieira Guimarães, que atuava como gerente da Fundação Nacional do Índio (Funai) do município de Água Boa (730 km a leste de Cuiabá) na época do crime. O julgamento está marcado para o dia 18 e será presidido pelo juiz da 5ª Vara da Seção Judiciária, José Pires da Cunha. Ainda na pauta de julgamentos da Justiça Federal, no dia 25 ocorrerá o tribunal do júri de Mauro Faustino da Silva por tentativa de homicídio.

O assassinato do gerente da Funai aconteceu em 26 de setembro de 2001, em Nova Nazaré (269 km a leste), próximo à aldeia Tritopa, onde o acusado residia. Consta na denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que a vítima esteve na aldeia, no município de Água Boa, para realizar demarcação de uma área que seria beneficiada pelo Programa de Apoio Direto às Iniciativas Comunitárias (Padic). O gerente da Funai seguiu para Nova Nazaré em companhia do cacique e de outro indígena, onde permaneceram até por volta das 22h e voltaram à comunidade Xavante. A cerca de 100 metros da aldeia, a vítima parou o veículo para que o réu descesse, quando foi atacado e degolado com um canivete.

Por se tratar de um crime cometido por índio, o MPF revela que a Justiça Federal solicitou um laudo antropológico, realizado pelo professor Aloir Pacini, da Universidade Federa de Mato Grosso (UFMT). A análise do documento mostra que Marvel sabia o que estava fazendo ao assassinar o gerente, tinha entendimento que perante a nossa sociedade matar uma pessoa é crime. Por isso pode responder pelos seus atos, sendo julgado pelo tribunal do júri. O que não quer dizer que o acusado deixou de ser índio. No entendimento do MPF, o juiz, ao aplicar a pena, pode adequá-la à condição do indígena.

O corpo do funcionário da Funai foi encontrado por um outro indígena da mesma aldeia com hematomas na cabeça e rosto. A vítima chegou a ser encaminhada para o Hospital Regional da cidade, na época, onde foi constatada a morte por conta do profundo corte no pescoço. Na época, a região de Nova Nazaré era bastante disputada entre índios e brancos.

 

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