No Brasil existem mais de 25 mil pessoas trabalhando em regime de escravidão. São trabalhadores que partem com esperanças de receber bons salários e mudar de vida e quando chegam ao local de trabalho são aprisionados por seus patrões através de dívidas impagáveis. Eles moram em barracos de lona, sem luz ou água tratada, sem equipamentos de segurança e proteção, sem atendimento médico, sem uma alimentação adequada, coagidos através da violência e de ameaças de morte e sem receber nenhum salário. São pessoas simples, sem informação e que muitas vezes não tem idéia de que fazem parte da lista dos empregados escravizados.
Durante dois dias representantes das Pastorais da Terra e da Delegacia Regional do Trabalho, estudantes, líderes sindicais e trabalhadores rurais discutiram o assunto no 1º Fórum sobre o Trabalho escravo contemporâneo no Brasil. Ele foi realizado no auditório da Unemat Sinop, nos dias 15 e 16 de abril. Compareceram pessoas de 13 municípios do nortão: Sinop, Sorriso, Juara, Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte, Peixoto de Azevedo, Nova Guarita, Claudia, Colider, Tapurá, Vera, Terra Nova e Novo Mundo.
O Coordenador Nacional da Campanha de Combate ao Trabalho Escravo da Pastoral da Terra, Frei Xavier Plassat, foi um dos palestrantes e apontou os números do Trabalho Escravo no Brasil informando que Mato Grosso é o terceiro estado em trabalho escravo no país. “Temos que mudar esta realidade, conscientizando a sociedade a fiscalizar e denunciar e cobrando dos governantes punições justas aos responsáveis com cadeia e confisco de terra”, disse o Frei.
Orientando a platéia Valdiney Antonio de Arruda, da Delegacia Regional do Trabalho/MT mostrou todos os passos que os denunciantes devem seguir, “Primeiro é preciso conversar com os trabalhadores com cuidado, sem expor eles ou vocês, coletem o maior número de informações possíveis e façam a denuncia para as Comissões Pastorais da Terra ou a Delegacia Regional do Trabalho, estes são os lugares confiáveis e responsáveis por uma fiscalização com resultados”.
Ao término do evento os grupos de cada cidade apresentaram nomes e telefones de líderes para que as CPT e a DRT estejam constantemente em contato recebendo denuncias, promovendo a fiscalização e erradicando o trabalho escravo. Todos se comprometeram a fazer um trabalho educativo de prevenção em suas cidades e ajudarem na fiscalização.
“Acredito que este fórum foi muito importante para a luta contra o trabalho escravo, atingimos todos nossos objetivos, Sinop nunca teve um trabalho deste tipo e estamos felizes por 13 municípios terem participado. A base está formada com a comissão micro regional agora é arregaçar as mangas e trabalhar”, finalizou Valdiney.