A farinha de trigo será reajustada em 20% a partir do mês de abril e vai provocar aumentos diferenciados nos preços de pães, massas e biscoitos em todo o país. A informação é do presidente da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), Francisco Samuel Hosken.
Segundo ele, o trigo representa até 35% do custo do pãozinho e chega a superar 50% do custo das massas. No país, existem 170 moinhos que fornecem farinha de trigo para as indústrias panificadoras, de massas e biscoitos. Algumas padarias já estimam o reajuste no preço do pão francês em mais de 10%.
Para justificar o reajuste, o setor aponta o aumento dos custos no primeiro trimestre deste ano. O preço do trigo importado da Argentina, usado pelos moinhos brasileiros na fabricação da farinha, subiu 15% em dólar, segundo o presidente da Abitrigo.
A tonelada passou de US$ 122 no fim de 2004 para US$ 140 neste mês. No ano passado, a Argentina respondeu por 95% das importações brasileiras de trigo. Cerca de 50% do trigo consumido pelo Brasil vem do exterior.
Segundo a associação, o país importou, no ano passado, US$ 730 milhões ou 4,8 milhões de toneladas de trigo.
Segundo Hosken, a redução dos estoques argentinos de trigo é o principal motivo para o aumento do preço do grão. Ele explica que, no ano passado, o país vizinho produziu mais de 16 milhões de toneladas de trigo e consumiu 5,5 milhões.
“O excedente foi exportado e derrubou os preços no final do ano passado. Mas agora, com os estoques menores, os preços voltaram a subir, aproximando-se do seu valor histórico e deve oscilar neste ano entre US$ 140 e US$ 150”, disse Hosken.
Para evitar um repasse integral do aumento das matérias-primas para a cadeia do trigo, ele diz que o governo federal poderia isentar o setor da cobrança de tributos como o PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), benefício concedido no ano passado para produtos da cesta básica como arroz, feijão, farinha de mandioca.
“Produzimos o pãozinho nosso de cada dia, que é o alimento mais importante da mesa do brasileiro. Mas há a barreira do Ministério da Fazenda, que não abre mão dessa receita de tributos”, afirmou Hosken.