Termina hoje, em Cuiabá, o treinamento em técnicas de entrevistas e detecção de mentiras que está sendo ministrado, desde ontem, para procuradores, promotores e delegados de polícia, pelo professor de inteligência policial da Academia Superior de Polícia, Thompson Cardoso. O objetivo é capacitar os participantes para que aprendam maximizar a produção de informações em entrevistas (investigações), abordando aspectos verbais e não verbais, que ajudam a identificar o que é verdadeiro e o que é falso. Estão participando 74 membros do MP e seis delegados.
O palestrante explica que o ser humano, por natureza, mente, até mesmo por uma questão de proteção, o que varia são as razões para que a mentira ocorra. Algumas vezes a pessoa pode mentir para se proteger de uma fraqueza, ou então para esconder uma fraude ou até mesmo para defender uma imagem irreal. “Todos nós somos mentirosos. Alguns são bons, outros ótimos e muitos são excelentes mentirosos. Na maioria das vezes as mentiras não causam dano, elas apenas provocam um equilíbrio social, o problema é convivermos com as consequências por acreditar em mentiras face à incapacidade de detectá-las quando diariamente nos atingem no trabalho e na vida pessoal”, explica o especialista.
O curso completo é dividido em quatro módulos. O procurador-geral de Justiça, Mauro Curso, atendendo pedido do corregedor-geral do Ministério Público, Flávio Cezar Fachone, garantiu, na abertura do evento, que contratará os outros dois módulos para que os membros possam fazer todo o treinamento, dada a importância do tema.
“A proposta é já deixar agendado os próximos módulos. Ouvi a seguinte frase: é uma insanidade fazer a mesma coisa e achar que o resultado será diferente. Se queremos produzir resultados diferentes, temos que investir em capacitação, só assim poderemos gerar melhores resultados para a sociedade. Tenho certeza que este curso vai atender a expectativas dos senhores”, destacou Mauro Curvo.
O especialista destaca que não existe uma fórmula pronta para pegar um mentiroso. Cada sinal ajuda a compor um quadro sobre o perfil específico do entrevistado, em que o encadeamento das questões e atitudes do entrevistador poderão facilitar a identificação da mentira.
Ele destaca três pontos importantes para detectar uma provável presença de mentiras no discurso de uma pessoa. O interlocutor, ou seja, quem está entrevistando ou interrogando, tem que prestar atenção nas emoções da pessoa. Quando as emoções demonstradas na recuperação de memórias mostram-se incompatíveis com aquelas vividas no fato narrado, a pessoa pode estar mentindo.
Outro ponto a ser observado são os gestos. Cardoso destaca que é preciso ficar atento quando os gestos não acompanham o que a pessoa está falando. Ele explica que fatos, gestos e emoções são armazenados juntos na memória e eles interrelacionam-se sempre em narrativas.
Conforme Thompson Cardoso é importante, também, fazer o monitoramento da realidade. “É preciso verificar se a narrativa é admissível como tendo sido vivenciada de fato pelo narrador, ou é apenas uma história criada (mentira). É preciso checar a presença de processos perceptivos, vivenciais, sensoriais, de quem narra uma vivência, ou seja, que houve a vivência descrita”, explica ele.
“Este é um curso importante para o trabalho dos promotores de Justiça. Tenho certeza que será muito produtivo e renderá excelentes frutos. A capacitação constante dos membros é de vital importância para a realização de um bom trabalho em prol da sociedade”, acrescentou Roberto Aparecido Turin, presidente da Associação Mato-grossense do Ministério Público (AMMP). A informação é da assessoria.