Novamente a sociedade vai fazer a parte do governo para que a segurança pública não fique numa situação ainda mais crítica. Ontem, por cerca de duas horas, dirigentes do Conselho Municipal de Segurança, CDL, vereadores e secretários municipais, reuniram-se com a cúpula da polícia para cobrar mais ação e combate a criminalidade devido ao aumento nos casos de assaltos. Entre sábado e ontem cerca de 10 empresas foram assaltadas.
Foram muitas cobranças e se ouviu a mesma justificativa: faltam viaturas, efetivo e armamento. O Comando da Polícia Militar em Sinop têm 5 viaturas funcionando e 3 estragadas. Como o problema é grave e a solução por parte do governo nem sempre é rápida, empresários de Sinop e poder público municipal decidiram agir. Duas empresas vão bancar o conserto de uma viatura, outra deve ser consertada pela prefeitura, vereadores vão bancar o conserto de uma moto e a PM, com recursos próprios, ficou de arrumar outra. Pelas contas da PM, o quartel teria que ter pelo menos mais 10 carros. Há menos de um mês a Assembléía Legislativa fez uma audiência pública em Sinop sobre a segurança em Sinop. Todos estes problemas estruturais foram apontados. Foram apresentados relatórios e, até agora, 99,9% não foram solucionados.
Na reunião de ontem, a saída emergêncial foi novamente ajudar a polícia porque esperar pelo governo demora demais e a criminalidade só tem aumentado. “A reunião por si só foi muito positiva porque tivemos o compromisso das pessoas que participaram, para estar emergencialmente nos apoiando com o concerto das viaturas, o que significa que polícia estará mais presente nas ruas”, disse o coronel Jorge Cruz, comandante da PM. “Sinop é um grande pólo, todo mundo vem para cá. As pessoas cidades vizinhas vêm estudar aqui, vêm procurar emprego aqui, e isso tem reflexo diretamente na segurança. E todos nós temos que estar atento para isso, a prefeitura, os órgãos federais, estaduais, a sociedade, as entidades. Nós temos feito a nossa parte, temos consciência disso. Vamos dar conta? Não sei. Mas é preciso o engajamento de todos nessa luta contra a violência, contra a criminalidade”, afirmou.
Em relação ao efetivo, o coronel reafirmou que é preciso reforço. “Teremos um concurso de 80 vagas direcionados ao presídio, que daqui a dois, três meses será inaugurado. Porém, é necessário que tenhamos mais inclusões. E para isso nós precisamos fazer gestão junto ao comando geral, ao secretário e ao governo para que possa, constantemente, preencher o vácuo de efetivo que existe aqui em Sinop e em toda a região Norte, que existe essa deficiência de efetivo, armamento, viatura”. Só Notícias apurou que em toda a região Norte, a Polícia Militar tem cerca de 612 homens. Em Sinop são 155 e o deficit é de 2.500 policiais para atender toda a região.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Afonso Teschima Junior disse que os comerciantes estão “acuados” diante de tanta violência. “A preocupação não é só dos empresários, mas de toda a população. Esta onda de violência preocupa toda a população de uma forma geral. Nós comerciantes tentamos dar a nossa parcela de contribuição para a Polícia Civil e Militar para que possamos ter uma segurança melhor”, disse, ao Só Notícias.
Durante a reunião empresários vítimas de assaltantes relataram os prejuízos que tiveram e, acima de tudo, o risco de morte ao ficarem sob a mira de armas de boa parte de assaltantes que ainda não foi presa.
O presidente do Conselho Municipal de Segurança, Carlos Henrique Soares da Fonseca, explicou que o conselho não tem recursos para colaborar com a polícia. “Estamos tentando viabilizar, com sugestões de projeto de lei Câmara Municipal e Assembléia Legislativa para que venham recursos para o conselho para aplicar neste setor, sem a burocracia que vemos nos órgãos de segurança do Estado”, acrescentou.
Foi marcada uma próxima reunião, semana que vem, onde serão apresentados planos de ação pela polícia, para atuar junto ao poder público e sociedade no combate ao crime.