O agente aposentado da Polícia Federal, Gedimar Pereira Passos, sustenta, na defesa apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nos autos da Representação (RP) 1176, que não tem qualquer vinculação partidária com o PT. Ele se exime de envolvimento no episódio da apreensão de R$ 1,75 milhão para compra de um suposto dossiê que visava a vincular políticos do PSDB com a chamada máfia das sanguessugas.
Na defesa, Gedimar Passos relata que fez um acordo com o diretor afastado do Banco de Santa Catarina (Besc), Jorge Lorenzetti, para analisar documentos que seriam entregues por ele. “O acordo foi então celebrado, sendo estabelecido que a remuneração pelos serviços do representado (Gedimar) seria regularmente paga pelo Partido dos Trabalhadores, o qual fora formalmente instado por meio de seu setor de Recursos Humanos”, diz.
Gedimar declara ter sido contratado para atestar a autenticidade dos documentos em poder dos donos da Planam, empresa que coordenava o superfaturamento das compras públicas de ambulâncias.
Na sua defesa, ele conta que, em três oportunidades, nos meses de agosto e setembro, foi lhe “competida a tarefa de análise de documentos os quais seriam entregues nas cidades de Cuiabá e Brasília, o que sempre foi impossibilitado diante da solicitação de numerário por parte dos indivíduos que os forneceriam (diante da negativa em efetuar o pagamento por parte do senhor Lorenzetti)”.
Preso pela PF, com uma mala de dinheiro, no Hotel Íbis, em São Paulo, juntamente com Valdebran Carlos Padilha, Gedimar ressalta que, exceto Jorge Lorenzetti, não conhece nem tem vínculos com quaisquer outros citados na investigação judicial eleitoral proposta pela coligação Por Um Brasil Decente (PSDB-PFL).
Ele afirma desconhecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pela coligação A Força do Povo (PT-PRB-PCdoB), o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), presidente do PT que na última sexta-feira (6) afastou-se do cargo.
Gedimar Passos diz ainda que, durante o interrogatório a que foi submetido na carceragem da Superintendência paulista da Polícia Federal, disse o nome do ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy “apenas com vistas à (falsa) promessa de liberdade do inquisidor naquela oportunidade, a título de colaboração ampla com as investigações”.
“Destarte, sob a promessa de não ser detido, o representado declinou o nome de um membro do governo que se lembrava por ter acompanhado em um trabalho anterior de segurança no comitê eleitoral, mas que, de fato, não possuía – em seu conhecimento – qualquer envolvimento com a situação”, completa.
Quanto ao dinheiro apreendido, ele diz que “não tem conhecimento acerca de sua real origem”, pois quando recebeu a determinação de Lorenzetti para viajar a São Paulo, “desconhecia a existência de acordo que envolvesse caráter pecuniário”. Gedimar afirma que só ficou sabendo de uma “suposta transação em dinheiro” quando dois desconhecidos, em dias e horas diferentes, levaram a ele os valores apreendidos. Ele não cita, na defesa, os nomes dos desconhecidos.
“No caso sob análise, sua incumbência foi apenas uma, isto é, avaliar documentos, o que nada de ilícito guarda”, conta. “Sua atividade prática foi, ademais, nenhuma, uma vez que tais documentos sequer chegaram a ser entregues”, completa.
Dessa forma, a defesa de Gedimar pede a reconsideração da decisão do TSE que determinou a abertura da investigação contra ele. No julgamento final, após toda a instrução probatória, ele pede que seja julgada improcedente a presente reclamação, absolvendo-o.