sábado, 18/maio/2024
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Elefantas são encaminhadas para santuário em Mato Grosso

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As asiáticas Maia e Guida, duas fêmeas, de aproximadamente 50 anos, foram recebidas, ontem, por ambientalistas, autoridades locais, populares e imprensa, na comunidade de Rio da Casca, na Chapada dos Guimarães. As duas inauguraram o primeiro Santurário de Elefantes da América Latina.

Os animais, que pesam quatro toneladas cada, viajaram em contêineres feitos sob medida. Foram mais de 48 horas, saindo no domingo (9) de manhã de uma fazenda em Paraguaçu, Minas Gerais, onde estavam vivendo, há 5 anos, acorrentadas, até um “paraíso” na Chapada, um lugar tranquilo e com muito verde, água suficiente e diversidade natural, onde vão passar o resto dos dias, após uma vida circense de maus tratos.

Na fazenda em Paraguaçu, elas estavam ainda sob a responsabilidade do fiel depositário delas, que é assessor jurídico do Circo Portugal Giuliano Vettori. Ele aceitou fazer um acordo com a Organização Não-Governamental Santuário de Elefantes Brasil, intermediado pelo Ministério Público Federal (MPF). Após o acordo, a ONG começou a trabalhar para trazê-las ao santuário.

O projeto, além de ousado, não é barato. Custou até agora R$ 2 milhões, de acordo com a diretora financeira da Santuário de Elefantes Brasil, Célia Frattini. Na sua totalidade está orçado em R$ 7 milhões. A fazenda que agora virou reserva foi vendida pelo proprietário Nelson Souza Pinto em parcelas a serem pagas por seis anos. Ele facilitou a negociação. Mensalmente, o gasto estimado com cada animal é de R$ 20 mil. “Tudo isso a gente consegue pagar com doações. Não temos nenhum apoio financeiro governamental”, comentou Célia Frattini, visivelmente emocionada, com “a realização de um sonho”.

A idealizadora desta iniciativa é a publicitária paulista Junia Machado. Cansada e também emocionada, ela conta que quando tinha 7 anos de idade ganhou um livro do pai sobre vida selvagem e logo nas primeiras páginas tinha um elefante e histórias sobre a inteligência deste animal. “Eu fiquei absolutamente encantada”, detalhou Junia, que chorou quando Maia saiu do conteiner e entrou no gradeado, feito com tubulações do ramo petrolífero.

Havia esperando por ela grama e frutas, como melancia e maçã, além de montes de terra. Ela entrou, cheirou a nova casa, comeu folhagem e frutas, jogou terra para o alto, com a tromba, andou para um lado e outro, emocionando também os cuidadores norte-americanos Scott Blais e a esposa dele, Keith. Na sequência, Guida também entrou em casa.

Neste espaço, ela vão ficar por seis meses, saindo eventualmente, até que reaprendam a estar em meio à natureza. Tanto Guida, quanto Maia, foram trazidas da Tailândia, ainda recém-nascidas. Viveram por cerca de 40 anos fazendo espetáculos circenses. Quando envelheceram, foram descartadas.

O analista ambiental Marcos Cardoso, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), acompanhou a chegada das elefantas e disse que a Santuário de Elefantes Brasil recebeu todos os licencimentos necessários e que não há qualquer prejuízo ambiental previsto. “Quando chegar mais animais, terão que fazer o pedido de extensão de licença”, explica.

É que já estão identificados 50 elefantes, vítimas de maus tratos, na América Latina, com vistas a serem trazidos ao santuário da Chapada. Entre eles, Ramba, uma outra asiática, que vive no Chile. A história dela é muito parecida com a de Guida e Maia. “Deve chegar em janeiro do ano que vem”, prevê Junia.

A comunidade do Rio da Casca, onde vivem cerca de 200 pessoas, se animou com a chegada das primeiras moradores. O pessoal se arrumou para ir ao evento de recepção na pracinha central do vilarejo. Dona Evanildes, de 61 anos, afirma que dos fundos da casa dela dará para apreciar os animais exóticos. “Antes só tinha visto pela televisão”, comenta, impressionada com o tamanho de Maia.

A criançada fez fila para levar comida às recém-chegadas. Os organizadores do santuário explicaram que, embora não vá haver visitação na área e apesar de manterem regras rígidas no sentido de protegar as elefantas, acharam por bem fazer isso para que as novas gerações criem o espírito de respeito aos animais.

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