O presidente Michel Temer defendeu a adoção de uma idade mínima para que a aposentadoria continue a ser paga aos trabalhadores nesta e nas próximas gerações. Em um discurso firme sobre a necessidade de se fazer uma reforma ampla, Temer disse a senadores e deputados que a reforma da Previdência a ser encaminhada amanhã (5) ao Congresso será "amplamente debatida" durante sua tramitação no Legislativo.
"Manter sustentável a Previdência exige induvidosamente uma reforma, sob pena de colocar em risco recebimento de aposentadoria, pensões e demais benefícios previdenciários desta e das próximas gerações. Temos longa experiência no Parlamento e sempre fizemos pequenas reformas. Chega de pequenas reformas", disse Temer. "É preciso postergar a concessão da aposentadoria. Isso só pode ser feito pelo estabelecimento de uma idade mínima. Se o sistema se mantiver nos parâmetros atuais, a conta não fecha".
Citando exemplos econômicos e políticos para a necessidade das mudanças, Temer disse que a idade média de aposentadoria por tempo de contribuição é hoje de 54 anos. "O segurado permanece mais de 20 anos recebendo e ainda pode deixar pensão para os seus dependentes. Em alguns grupos o tempo de gozo do benefício é superior ao tempo de contribuição", disse.
De acordo com o presidente, as novas regras valerão "integralmente" para os mais jovens, mas haverá uma transição para os trabalhadores com 50 anos ou mais. Temer lembrou também que os que já completaram o tempo de serviço mínimo "não precisam se preocupar", porque não serão atingidos.
Temer e a equipe econômica do governo conduzem neste momento uma reunião com os líderes da base aliada na Câmara e no Senado para apresentar a reforma da Previdência. O texto com a proposta será encaminhado nesta terça-feira (6) ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também participa do encontro.
No início da noite, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, vai comandar uma reunião com as centrais sindicais para apresentar a elas o texto. Antes, estava previsto que Temer também presidiria a conversa com os representantes dos trabalhadores, mas de acordo com a assessoria de imprensa do Planalto, há a possibilidade dele participar, mas a condução dos trabalhos será feita por Padilha. No fim de outubro, por meio do porta-voz Alexandre Parola, Temer havia dito que só encaminharia o texto após "diálogo amplo" com a sociedade.