Após três semanas refugiado em Goiás, devido a ameaças de morte, o bispo emérito de São Félix do Araguaia, dom Pedro Casaldáliga, 84 anos, retornou a Mato Grosso. Por ser defensor de causas dos índios xavantes, ele recebeu várias ameaças supostamente vinda dos ocupantes da área indígena Marãiwatsédé, que está sendo desocupada em virtude de uma decisão judicial, de novembro do ano passado.
A área fica na região do Araguaia e tem uma extensão de cerca de 160 mil hectares. O local estava ocupado desde 1992. Em entrevista a Folha de S.Paulo, o assistente do bispo, padre Paulo Santos, disse que o retorno aconteceu no dia 29 de dezembro.
Eles saíram da região atendendo a uma recomendação do governo federal e o retorno à região também foi discutida com membros do governo. A decisão de voltar se deu devido ao clima ameno que se instaurou na região atualmente, quase no final da desocupação. Os primeiros dias da operação foram considerados tensos e até chegou a ocorrer conflitos entre forças policiais e moradores da região.
Casaldáliga fundou a Comissão Pastoral da Terra e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e ganhou destaque internacional por denunciar atos de madeireiros, policiais e grandes proprietários rurais durante o regime militar, época em que os índios xavantes foram expulsos de suas terras.