O equipamento anticolisão do jato Legacy, que chocou-se com um avião da Gol, no dia 29 de setembro, em Mato Grosso, poderia estar desligado no momento do acidente. A afirmação foi feita pelo delegado da Polícia Federal Ramón Almeida da Silva, responsável pela investigação do acidente, durante audiência pública realizada hoje pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado. Em conseqüência do acidente, morreram 154 pessoas.
“Não sabemos como ocorreu. Ainda não sabemos o porquê, e as investigações talvez nem respondam. Talvez um desligamento involuntário, ainda não sabemos. Mas há registro de que o Legacy voou por mais de 50 minutos com o sistema desligado”, afirmou o delegado. Ele não acredita, porém, que o aparelho tenha sido desligado voluntariamente pelos americanos Joseph Lepore e Jean Paul Paladino, que pilotavam o Legacy.
Ramón Almeida da Silva disse que os pilotos do Legacy mantiveram a rota e a altitude estabelecidas pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), desde que o avião decolou de São Paulo. Por isso, ele não acredita que o aparelho tenha sido desligado voluntariamente pelos americanos.
Em depoimento prestado em setembro na Polícia Federal, Lepore e Paladino calaram-se, quando questionados sobre dificuldades de comunicação entre eles e os controladores de vôo de Brasília, por causa da linguagem técnica, em inglês. O delegado lembrou que calar-se é um direito garantido pela Constituição brasileira.
O delegado negou que tenha sofrido qualquer pressão para indiciar os pilotos americanos. “Nenhuma pressão ou interferência foi exercida, não recebi nenhum bilhete para que a investigação adotasse este ou aquele rumo”. Ramón Almeida disse, ainda, que a maior parte das informações dadas por Lepore e Paladino coincidiram com resultados das investigações.