A Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) instaurou inquérito para investigar as mortes de 5 recém-nascidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro de Cuiabá. Segundo a delegada Mara Rúbia de Carvalho, os responsáveis podem ser indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Apesar da Secretaria Municipal de Saúde considerar os óbitos resultado do “desencadeamento coincidente de bactérias” nas crianças internadas, a delegada acredita que pode ter ocorrido negligência dos responsáveis. Conforme ela, a investigação vai identificar os responsáveis pela ala e pelo controle de infecção hospitalar da unidade, e o estado de saúde das crianças quando deram entrada na unidade. Para isso, vai ouvir os pais das crianças e funcionários do Pronto-Socorro.
Mara Rúbia também solicitou informações à direção do PS, para confirmar se os 5 óbitos foram oriundos da infecção pela bactéria “estafilo coagulase negativo”. Inicialmente, a secretaria informou que 3 dos 5 bebês estavam infectados, porém, que a causa poderia ser outra. “Nós queremos saber o que levou as crianças a óbito”.
Denúncia – Logo após o óbito, o pai de uma dos recém-nascidos, residente em Cuiabá, procurou a Deddica para registrar o Boletim de Ocorrência. Segundo a delegada, ele relatou que o filho nasceu em outro hospital e foi transferido para a unidade com problemas no coração.
Alguns dias depois, ele conseguiu, via judicial, os encaminhamentos para transferir o filho para um hospital de Curitiba (PR), onde seria realizada uma cirurgia. “Ele nos contou que a criança tinha cardiopatia congênita e já estava tudo pronto para transferi-la, quando o estado de saúde dela se agravou. Um dia depois o bebê morreu”.
O pai também disse que a criança não entrou no estabelecimento de saúde infectado com a bactéria “estafilo coagulase negativo” e que um exame de sangue realizado no menino no dia 21 de dezembro, não apontou nenhum tipo de infecção, o que comprovaria que ele foi infectado na unidade. “Estas informações que precisamos levantar com os responsáveis pela unidade. Queremos saber se houve negligência em deixar estes bebês morrerem por causa de uma bactéria”.
A tia de outra criança, residente em Colíder (650 km ao norte de Cuiabá) também denunciou, em entrevista ao Jornal A Gazeta, diversas irregularidades na ala onde a sobrinha ficou internada por 20 dias antes de morrer. Falta de água e de roupas e equipamentos adequados por funcionários e até médicos, foram algumas das deficiências que revoltaram a mulher.
Ela também disse que a menina deu entrada no PS com cardiomegalia (crescimento do tamanho do coração em proporções anormais), porém, exames apontaram que ela não estava com infecção.