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Cuiabanos “se viram” para atender turistas da Copa do Mundo

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Estrangeiros mudaram a cena urbana no Centro de Cuiabá e tanto os turistas quanto moradores da cidade têm se esforçado para se comunicar, isso sem conhecer os idiomas uns dos outros.

Chilenos e australianos invadiram a cidade na semana passada, por causa do primeiro jogo da Copa na Arena Pantanal. Agora é a vez de russos e coreanos, que também já estão circulando pela cidade, embora em número bem menor, para o segundo jogo do Mundial, nesta terça-feira, entre Rússia e Coréia do Sul, às 19 (de Brasília).

O taxista Edvandro da Silva, 33 anos, baixou um aplicativo no celular para ajudar no seu inglês. “Eu marco o país, o cliente fala e o celular me dá a tradução”, explica. Ele recorreu a esse recurso para conversar com australianos em mais de cinco viagens que fez semana passada, do hotel, para restaurantes, zoológico, a Arena Pantanal e ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon.

Como pagamento, além de reais, pegou também pelo menos 60 dólares. Com os chilenos, disse ter conseguido conversar sem necessidade de aplicativo em mais de 20 viagens. “Eles falam muito rápido, mas são divertidos e gostam de bater papo. Já os australianos são mais calados e parece que não se misturam muito”.

O taxista Carlos Alberto, 40, não se deu bem com o aplicativo. Ele está passando apuros para se comunicar e criticou o curso intensivo que a Prefeitura ofereceu aos mais de 600 profissionais da área que trabalham em Cuiabá. “Deram uma apostila de inglês ou espanhol, podia escolher. Eu peguei a apostila de inglês e nem olhei. O curso era de um mês, mas não dá para aprender nada nesse curto tempo e eles ficaram ensinando quase que só primeiros socorros”.

O vendedor de cocos Noé Vilela, 59 anos, já avisa que nunca fez nenhum curso de línguas na vida. Mesmo assim atendeu nesta segunda-feira alguns coreanos, segundo ele, muito discretos. “Eles falavam um pouco de português, mas com um sotaque muito complicado. Me perguntaram onde poderiam comer e eu indiquei uma churrascaria. Tomaram água de coco e foram almoçar”.

Na sexta-feira, Noé vendeu 50% de cocos a mais no dia em que teve jogo na cidade, porque os chilenos se concentraram, antes da partida, na praça Alencastro, onde ele trabalha há 15 anos.

Os olhos orientais do proprietário da banca de jornais, no Centro de Cuiabá, Jorge Kodi Kumakura, 48 anos, não ajudaram muito no diálogo com os coreanos. Ele é filho de japoneses e morou por 10 anos em várias cidades no Japão, mas explica que as línguas orientais não são tão parecidas. “O japonês é uma coisa, o coreano é outra e o chinês, outra. Cada país se comunica de um jeito. Tanto é que um coreano entrou aqui hoje, pegou a água e o refrigerante e só me deu o dinheiro, porque eu, mesmo sabendo japonês, não consigo entender o que eles falam”.

Jorge destaca que acompanhou a concentração dos chilenos na praça central de Cuiabá e que eles fizeram muito barulho. “Mas quando saíram deixaram tudo limpo, nenhum lixo. Isso eu também aprendi quando morei no Japão, é cultural”.

Na maioria das vezes, o pessoal tem se compreendido, mas em outras, essas diferenças complicam mesmo a comunicação. Tanto é que um russo entrou na banca de jornais do Jorge Kamakura, mas ele não entendeu o que o turista queria. Resultado: “não teve jeito, ele foi embora sem comprar”.

A operadora de caixa Taís Fernanda, de 19 anos, já atendeu australianos, chilenos e dois russos nos restaurante. Perguntada se fala inglês, respondeu rapidamente: "um pouquito". Ela está achando "muito legal" essa experiência multicultural, ouvir várias línguas e ver pessoas de diferentes países transitando por aí. "Claro que isso é incomum aqui".

Cuiabá ainda deve receber turistas nigerianos e bósnios, para o jogo do dia 21, e japoneses e colombianos, dia 24.

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