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Cuiabá: trabalhadores do centro de treinamentos da UFMT entram em greve

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Operários do Centro Oficial de Treinamento (COT) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) cruzaram os braços, esta manhã. A paralisação teve início às 7h e não tem previsão de retorno. Uma séria de irregularidades trabalhista na obra seria o motivo da mobilização. Segundo os operários, o consórcio formado pelas empresas Engeglobal e Três Irmãos, responsável pela obra, decidiu não mais pagar o percentual pela produção a partir do salário de agosto, repassando a eles apenas o piso salarial, o que representa uma redução significativa nos salários.

Outra denúncia feita pelos trabalhadores é de que, o consórcio não estaria depositando o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Casos de desvio de função e a prática de descontos indevidos no holerite são outros problemas que os operários dizem estar enfrentando.

Mesmo sem serviço, 28 carpinteiros continuam empregados, o que segundo a denúncia seria uma estratégia da empresa para que os mesmos pedissem demissão, uma vez que ela se recusa a demiti-los.

Essa é a situação do carpinteiro Emerson Souza, que trabalha no canteiro da UFMT há nove meses. “Me fizeram assinar o contracheque na segunda-feira (7), e quando fui consultar minha conta constatei que não haviam depositado meu salário. Além de não honrar com o compromisso perante os trabalhadores, a empresa ainda está agindo de má fé”, diz Souza.

O carpinteiro diz ainda que mora de aluguel e está passando por dificuldades, já que não recebeu e não pôde arcar com as despesas mensais. “Sou de Alto Araguaia e ajudo minha família lá. Além disso, tenho as minhas despesas para viver aqui. Só quero receber o que me é de direito e voltar para a minha cidade”.

Emerson conta ainda que sofreu trabalho escravo durante o tempo de serviço prestado ao consórcio. “Com a empresa tendo que correr para entregar a obra dentro do prazo, cheguei a trabalhar até 14 horas dentro do canteiro, fora os sábados, domingos e feriados que não deveria trabalhar e a empresa me obrigou”.

Souza denuncia também, que as horas extras não eram postas no relógio de ponto. “Eles faziam a gente bater o ponto, mesmo ainda estando trabalhando. E pagavam as horas extras por fora, e baseado em um cálculo que só eles entendem”.

Mesmo sendo convocada, a empresa não compareceu ao canteiro de obras. “O responsável pelo consórcio ligou para o encarregado da obra, pediu para nos dispensar e para retornarmos somente no dia 14. Não informou nada além disso”, disse o também carpinteiro Ademilson Manoel dos Santos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM), Joaquim Dias Santana, esteve no local para se inteirar da situação e tomar as medidas necessárias. “Ontem eu soube da decisão dos trabalhadores, e hoje quando cheguei aqui, vi que a situação era pior do que eu imaginava. A empresa está cometendo inúmeras irregularidades”.

Segundo o sindicalista, ao contatar a empresa, a mesma informou que tudo estava em ordem. “O consórcio diz uma coisa, mas os trabalhadores tem como provar que ele não está cumprindo com as obrigações contratuais. O FGTS está sendo recolhido dos operários, mas não está sendo depositado. Fora que o corte que a empresa quer fazer é muito brusco, representa 80% do salário que eles recebiam”.

Ainda hoje os trabalhadores irão se reunir na sede do sindicato, para tomar decidir quais serão os próximos passos a serem tomados. “Eu estou tentando levar os empresários para um acordo amigável com os trabalhadores. Porém caso não consigamos isso, entraremos com uma ação na Justiça Trabalhista”, disse Joaquim, que finaliza lembrando que a situação se repete no COT do Barra do Pari. “Os trabalhadores de lá, estão passando pelos mesmos problemas”.

Outro lado – tentamos contato com o empresário Robério Garcia, responsável pelo consórcio, porém até o fechamento da matéria as ligações não foram atendidas.

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