Policiais militares chamados para monitorar um manifesto na Praça Alencastro, em frente à prefeitura de Cuiabá, ontem à noite, entraram em confronto, com estudantes, professores e membros de movimentos sociais e chegaram a dispararar tiros com armas letais, sob risco de atingir manifestantes e até mesmo pessoas que nada tinham a ver com o tumulto. O protesto, organizado pelas redes sociais, seria para apoiar os professores que estão em greve.
Depois da confusão, os policiais ligados ao 1º Batalhão da Polícia Militar levaram algemados, 2 estudantes e 2 professores para o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) do Planalto. Os detidos por sua vez, ao falaram com uma equipe de reportagem do Cadeia Neles, da TV Record Cuiabá, e afirmaram que os policiais "agiram com truculência, despreparo e prenderam pessoas sem necessidade, já que segundo eles, estavam manifestando pacificamente".
Eles colheram cápsulas de projéteis deflagrados e mostraram para comprovar que foram disparados tiros com munição legal no meio da multidão. As informações são de que o grupo de manifestante não chegava a 50 pessoas.
Também acusaram os policiais de terem chegado ao local sem identificação e agido com excessos. Houve gritaria, confusão e xingamentos. Os vidros de um ônibus do transporte coletivo municipal que passava pela avenida Getúlio Vargas foi apedrejado. Teria sido esse o motivo pelo a Polícia Militar foi chamada para intervir na situação. Todos envolvidos na confusão que foram ouvidos pela reportagem apontaram contradição em relação à versão dos policiais.
O professor da rede estadual de ensino, Gilliard Giovanni Hortêncio, 28 anos, que também já participou de outros protestos, como os ocorridos em junho, em Várzea Grande, estava entre os detidos desta vez. Ele disse que tentou dialogar com um dos policiais, mas alega foi agredido e levado para o Cisc. Ele disse os PMs não tinham identificação, começaram a atirar com munição letal no meio do povo. Sustentou, assim como os demais envolvidos no tumulto, que o manifesto era "pacífico" e que as prisões eram "arbitrárias mostrando o despreparo dos policiais".
Quatro participantes do protesto foram algemados e levados para o Cisc do Planalto. Parte do grupo também se dirigiu para o local e novamente houve clima de tensão com ânimos acirrados. Os policiais fizeram um cordão de isolamento impedindo que os manifestantes entrassem na delegacia. Dois advogados do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintep/MT) acompanharam o caso e foram para a delegacia. Os detidos foram liberados durante a madrugada após assinarem termo circustanciado (TCO) e vão responder em liberdade pelas acusações.
Outro lado
Por outro lado, os policiais afirmaram que foram hostilizados e xingados, o que segundo eles, configuraria em crimes. Questionado sobre o motivo das prisões, ainda usando algemas, o tenente Brito disse ao repórter José Porto que foram por "desobediência, desacato, tentativa de impedir o trabalho dos policiais, calúnia, xingamentos, de informações falas foi o que coloquei no boletim de ocorrência", disse ele.
Em nota, o comandante do Comando Regional 1, coronel Jadir Metelo Costa , sustentou que a "ação dos policiais foi legítima e que foram solicitados após a depredação de um ônibus no centro da Capital". Disse que quando os 2 policiais chegaram no local, os manifestantes partiram pra cima e que foi preciso efetuar os tiros para conter os ânimos dos manifestantes. Alegou ainda que um policial teve o braço ferido durante o protesto. Contudo, informou que vai abrir um procedimento para apurar se houve ou não exagero por parte do efetivo que atendeu a ocorrência.