Morreu, esta tarde, na capital, o radialista e professor William Gomes. Ele estava hospitalizado na Santa Casa e a causa da morte ainda não foi informada. O velório é na capela Jardins e o sepultamento deve ser nesta 2ª feira. Willian foi um dos mais expressivos defensores da cultura cuiabana e da sua língua. Ele trabalhou nas rádios A Voz D’Oeste, Difusora, Cultura e também a Rádio Industrial, de Várzea Grande. Foi professor de comunicação e administração, na UFMT. Em 2015, também esteve na Tv Pantanal, apresentando o Caderno Cuiabano (veja abaixo). É autor do dicionário cuiabanês.
Foi no rádio, porém, que William Gomes se tornou conhecido em toda a baixada cuiabana, por suas opiniões, calcada em um humor ácido, sobre a política regional, cujo “troféu Pequi Roído” era a principal marca e pelo linguajar cuiabano.
Ao dar início ao uso de expressões características do linguajar cuiabano, junto com seus comentários, passou a receber contribuições inesperadas do público ouvinte e a partir do ano de 1991 criou o quadro “Dicionário Cuiabanês”, dentro da onda de dicionários que pipocavam Brasil afora. A brincadeira evoluiu em no final da década ele lançou o livro “Dicionário Cuiabanês”, com 322 páginas.
O dicionário, porém, não chega a ser um dicionário – o próprio William Gomes reconhece isso na apresentação – e está mais para um glossário de expressões regionais, pois cada palavra vem acompanhada de uma frase para se entender a sua colocação dentro de uma ‘possível’ conversação.
Embora não seja objeto do livro, em todas as páginas, sem exceção se encontra uma das principais características do cuiabano, o de dar apelido: Batico, Birico, Bita, Capitão Bibi, Caramujo, Chico Cuia, Chico Jacaré, Chico Magro, Dandi, Delfino Bocó, Dico Botoado, Dito Cabaré, Dito Cavalo, Dito Charuto, Dito Coisa Ruim, Dito Ôio-de-Bolita, Dito Pacupeva, Dona Pêpe, Dora Papudinha, Ginho Portela, Ivo Bugio, João Bicudo, João Capivara, João Piqueira, João Tripa, João V-8, Jonas Padero, Mané Tontura, Mário Bife, Mario Capim, Mijico, Nhô Bé, Nhô Bocó, Pedro Pixé, Tchô Nego, Tchô Quim-Quim, Tchô Tingo, Tchô Tonico, Waldemar Capadô, Zé Gatão, Zé Mijo, Zé Pilintra, Zé Prequeté, Zé Sapo… Se fuça o livro encontra muito mais. O apalido “Alemão Batata”, segundo William Gomes, é genérico serve para todas as pessoas de pele muito branca.
Willian Gomes ensinava que esse linguajar começou a se perder com a ocupação amazônica; a partir da década 70, quando começaram a chegar os novos colonizadores, que caçoavam do jeito do cuiabano falar, principalmente do ‘rotacismo’, que é um coisa do português arcaico: fror e fror, até que pareceu um metido e cismou de dizer ‘flor’ e todo mundo faz uma ginástica na língua pra assim pronunciar.
Em uma das entrevistas, Willian explica o falar Cuiabano: