Um grupo de moradores do bairro Jardim Nova Canãa queimou pneus queimados e fez barreira humana para fechar a avenida Palmiro Paes de Barros, na região do Grande Parque Cuiabá, esta manhã, reagindo a ordem de despejo de 266 famílias que vivem no local, há 2 anos e meio. O movimento está sendo chamado de carnaval da resistência.
Desde ontem, as famílias estão acordadas em vigília porque tiveram informações extraoficiais de que o despejo ocorreria a qualquer momento. "O direito à moradia se conquista na luta", dizia o cartaz do porteiro de prédio aposentado Mário Barbosa, 74 anos, que mora na ocupação urbana com a mulher, o irmão dela, que tem deficiência física, e um menino que ele pegou para criar desde os três anos. O menino foi registrado como filho. Com um salário mínimo, ele sustenta toda a família. Isso dá R$ 155 por mês para cada um deles comer, vestir, viver. "Juntei um dinheirinho para fazer um barraco de tábua e compensado para a gente morar e agora vem essa confusão de desapropriação", diz ele, com medo da casa dele ser derrubada.
A representante do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Dalete Soares, vai levar a preocupação com elas ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).
O defensor Roberto Vaz Curvo, representante do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, que fica na Costa Rica, também fará uma denúncia internacional sobre a situação em Nova Canãa.
Alguns moradores acusam irregularidades na documentação e que o terreno foi passado para oito pessoas numa data só.