A espera de mais de 22 anos de um filho pela mãe desaparecida terminou na sexta-feira (25). Finalmente, Ângelo Ferreira dos Santos, 26 anos, obteve a certeza que sua mãe Maria Lúcia de Assis, de 43 anos, estava viva e residindo em Cuiabá. O caso é mais um dos registros de pessoas localizadas, pelo Setor de Desaparecidos, da Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), da Polícia Judiciária Civil, que entre janeiro e fevereiro deste ano localizou 67 pessoas, de um total de 101 desaparecidos.
A história de Ângelo Ferreira dos Santos chegou ao conhecimento do investigador Auri Vieira, há poucos dias. O rapaz contou ao policial que sua mãe se separou dele aos dois anos de idade, deixando também o irmão mais novo com a avó paterna em Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul, onde os irmãos moram atualmente. A mãe deixou os filhos porque era ameaçada de morte pelo pai das crianças e sofria violência doméstica.
Ângelo só veio saber que sua mãe estava viva depois que a avó morreu. Pela certidão de casamento descobriu os dados de filiação da mãe e de posse das informações solicitou uma certificado eleitoral junto ao site nacional do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que confirmou a situação regular do título. Um policial de Campo Grande o ajudou efetuando pesquisa no Sistema de Informações de Segurança (Infoseg), que confirmou que sua mãe estava em Mato Grosso. A partir daí, entrou em contato com o setor de Desaparecidos da DHPP.
O investigador Auri Viana orientou o rapaz a fazer um boletim de ocorrência e encaminhar via internet para o setor. Segundo Auri, a primeira informação do paradeiro de Maria Lucia foi que ela estaria morando na região de Bonsucesso, mas ela foi localizada no bairro Osmar Cabral, em Cuiabá. Lá o policial descobriu a mãe e avó materna de Ângelo, que informou o local de trabalho da filha.
Na sexta-feira passada, os policiais levaram Maria Lúcia até a DHPP e a colocaram em contato por telefone com o filho, em Campo Grande. "Foi como eu esperava, que ela tivesse aceitação. Sabia que ela não tinha nos procurado antes justamente por medo. "São 23 anos de muitas perguntas sem respostas e de respostas sem perguntas", disse Ângelo Ferreira.
O rapaz também agradeceu o apoio da Polícia Civil de Mato Grosso. "Correu atrás, me orientou. Tive um apoio fundamental", afirmou Ângelo, que frisou fazer questão de agradecer pessoalmente a equipe da DHPP quando vier em Cuiabá conhecer a mãe. Maria Lúcia de Assis casou novamente e tem outras duas filhas, além dos dois rapazes que moram em Campo Grande.
O Setor de Desaparecidos da DHPP atende pelo telefone (65) 3901-4803/4823.