O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) vai apurar a conduta dos profissionais envolvidos no atendimento à jovem Alessandra Xavier Matias, 15 anos. Ela morreu no Pronto Socorro de Cuiabá, após uma cirurgia no joelho. O caso foi denunciado por familiares da adolescente, que acusam a unidade de negligência.
A presidente, a médica Dalva Alves das Neves, explica que o procedimento é comum após o órgão ter o conhecimento de problemas envolvendo médicos. "O que a sindicância vai apurar é se houve algum tipo de infração ao Código de Ética. Fazemos isso em todos os casos". A partir daí, caso haja alguma infração, um processo disciplinar é aberto pelo conselho.
Alessandra foi levada ao Pronto Socorro, no sábado (9) à noite, após sentir fortes dores no joelho, fruto de uma queda na casa em que morava com o pai, Altair Rodrigues Matias, no bairro Carumbé, em Cuiabá. A mãe do namorado da jovem, Joana Santana Farias, conta que a queda causou um pequeno inchaço no joelho. "Ela estava com dores, nos oferecemos para tratar, mas ela preferiu ficar com o pai, que estava cuidando. No sábado, como a dor aumentou, foi para o PS".
Lá, atendida por um médico, foi informada de que seria necessário a realização de uma drenagem para a retirada do líquido que se acumulava no joelho. "Era uma coisa simples, mas depois o médico disse que precisava de uma cirurgia". Joana conta que Alessandra ficou com muito medo da operação e chegou a perguntar se havia algum risco. "O médico disse que sim. Então, se havia risco, por que operou?", questiona.
Após a cirurgia, realizada já na manhã do domingo (10), Alessandra continuou a reclamar de fortes dores e apresentava um sangramento no local da incisão. "O pai dela procurava um médico para ver o estado da menina e não achava, só enfermeiros. E ia ficando desesperado com a dor da menina, porque não melhorava, ninguém tratava ela, não tinha atenção, nada". Além das dores, a jovem passou a sentir uma irritação na garganta e a tossir frequentemente, fato considerado, segundo Joana, normal pelos atendentes.
Acreditando que a situação ia melhorar, Altair teria deixado a unidade para comprar frutas para a filha, voltando rapidamente. "E foi a menina comer uma maçã para piorar, começar a vomitar sangue e a passar muito mal". Alessandra foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu.
Joana ressalta que ninguém sabia explicar o que tinha ocorrido com a adolescente. "Meu filho chegou lá desesperado e só encontrou o corpo dela no necrotério. Para mim houve negligência, algum erro, porque nada explica ela ir para o médico com uma dor no joelho e morrer".
Laudo do Instituo Médico Legal (IML), emitido nesta segunda-feira (11), apontou que a causa da morte é desconhecida. O resultado das análises feitas pelos legistas, que apontará a causa da morte, deverá ser emitido em 90 dias.
Por meio da assessoria, a prefeitura de Cuiabá, responsável pela administração da unidade, informa que aguardará o laudo para instaurar uma investigação da atuação dos profissionais no caso.