Evair Peres Madeira Arantes, 21 anos, o “Baby”, foi condenado a 15 anos e seis meses de prisão pela morte do jornalista Auro Ida, 53 anos, assassinado com seis tiros em julho de 2011. O julgamento terminou esta tarde, no Fórum de Cuiabá e a sessão foi presidida pela juíza Mônica Catarina Perri Siqueira. O julgamento iniciou por volta das 8h
Três pessoas testemunharam pela defesa de Evair. Durante toda a investigação, o condenado afirmou que no momento do crime estava em um bar. Uma das testemunhas confirmou a versão de que Evair estava no bar no dia do crime, mas não confirmou se ele não tenha saído por alguns momentos.
Dois depoimentos de Bianca Nayara Corrêa de Souza, ex-mulher de Rubens Alves de Lima, apontado como mandante do crime, e ex-namorada de Auro Ida foram lidos, ambos prestados na fase de inquérito. Em um deles, contou detalhes do relacionamento que manteve com Ida, por cerca de um mês. Disse que era sustentada pelo jornalista, que lhe comprava roupas e alimentos a exemplo do que Ida fazia com outras garotas do bairro com quem namorou. Afirmou que após a separação, ouviu vários pedidos de Rubens para se reconciliar e que ele solicitou a ela que não namorasse Ida e, se fizesse isso, que mantivesse o relacionamento escondido.
Na primeira versão, a ex-namorada do jornalista contou que recebeu uma ligação de Rubens quando estava no shopping, na noite do crime. Ele queria saber onde ela estava. Assim que chegaram na porta da casa dela, um rapaz, de bicicleta, se aproximou do carro, exigiu que ela saísse e disparou. Disse que não conhecia o pistoleiro, mas que o tinha visto pelo menos duas vezes no bairro.
Em outro depoimento, confirmou que se tratava de Baby, com 100% de certeza, por conta das manchas que o acusado tem no rosto. Contou que não havia revelado a identidade do acusado por medo e pediu para ser incluída em um programa de proteção á testemunha.
No interrogatório ao réu, ele disse que na noite do crime estava em um bar, em companhia de duas pessoas, como fazia todos os finais de semana com o intuito de usar drogas e beber. O acusado afirmou que chegou a pé no estabelecimento, porque o pneu da bicicleta da mãe estava furado e que raramente usava boné. Negou que conhecesse qualquer um dos 3 acusados bem como a autoria do crime. “Encontrava eles de vista, no bairro, mas não tinha contato e nem amizade com nenhum deles. Só fui conhecer o Alessandro quando fui preso”. Só saiu do bar para atravessar a avenida e usar drogas.
Baby revelou que no dia do crime usou muita droga e que foi para casa por volta da meia-noite. “Quando você usa droga, você não sabe muito bem o que faz. Não me lembro dos horários, mas o bar estava fechando”.
Depois de falar do crime, promotor de Justiça, João Augusto Veras Gadelha, traçou, cronologicamente, a elaboração da execução. “Auro posava de ‘gavião” no bairro, namorando meninas e as sustentando. Namorou e ainda sustentava a namorada de Rafael e estava namorando a ex-mulher de Rubens. Somada à insatisfação dos dois, se juntaram a Sandro, amigo de Rubens e, como temos nos depoimentos, procuraram Charles Miller, que rejeitou a encomenda. Depois, em conversas com Rafael, chegaram ao nome de Baby, usuário de drogas que praticava tráfico ‘formiguinha” e ofereceram o crime. Claro que ele aceitaria, usuário não perdoa pai e nem mãe, que dirá um estranho”, afirmou o promotor.
O defensor público Márcio Bruno Teixeira Xavier de Lima fez a defesa do réu. Ele mostrou trechos dos depoimentos de três testemunhas, entre elas Bianca, que mostram a jovem dizendo não ter certeza de quem matou Ida, além de afirmar que foi pressionada pela Polícia para incriminar o suspeito. “70% de certeza, como ela falou, não é certeza, mas dúvida”.
O defensor salienta que não há provas ou testemunhos contra Baby, apenas o de Bianca, modificado em juízo. “A Polícia fez uma grande pressão psicológica nela, ameaçou, enfim, atendeu a um clamor da imprensa pela elucidação do caso e achou um culpado, o Baby”.