O corpo do escritor mato-grossense Ricardo Guilheme Dicke, falecido hoje cedo, aos 71 anos de idade, está sendo velado no auditório do Centro Cultural da UFMT, desde as 17h30. A saída do féretro está marcada para as 10h de amanhã e o sepultamento será no Cemitério da Piedade, às 10h30. Doutor Honoris Causa da UFMT, Dicke é o mais premiado autor mato-grossense, reconhecido nacionalmente e, também, em Portugal, onde seu livro ´´O Salário dos Profetas´´ foi lançado como peça teatral em Lisboa.
O reitor Paulo Speller, que se encontra em Belo Horizonte participando de um seminário, falou pelo telefone que lamentava profundamente o falecimento do escritor, lembrando que Dicke foi uma das raras pessoas a ter recebido o título de Doutor Honoris Causa da UFMT – um entre três, e que esse fato evidenciava o reconhecimento da Instituição pela importância e influência que ele teve nas letras e na cultura de Mato Grosso. Speller mencionou também que a iniciativa de realizar o velório demonstra o quanto o escritor e sua obra são valorizados pela comunidade acadêmica.
Para o vice-reitor Elias Alves de Andrade, que é professor do mestrado em estudos de linguagens, ´´a morte de Guilherme Dicke é uma perda imensa para a literatura mato-grossense que fica órfã de um dos seus mais expressivos escritores.´´ Andrade afirmou, também, que se trata de uma perda para a UFMT, lembrando que o autor foi professor na Instituição na década de 70.
Mário Cezar Silva Leite, coordenador do Grupo R. G. Dicke de Estudos em Cultura e Literatura de Mato Grosso e considerado um dos maiores especialistas na obra do escritor, também se manifestou sobre o falecimento, declarando que se trata de ´´uma perda muito grande, um vácuo, pois, apesar da saúde frágil, ele continuava produzindo.´´ Mário Leite acrescentou que Dicke tem vários textos inéditos e que ´´o legado que ele deixou garante a sua presença entre nós.´´ ´´No Grupo R. G. Dicke, disse o pesquisador, ´´já surgiram dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre a obra desse escritor e, como editor responsável da Cathedral Publicações, fizemos, em parceria com a Carlina Caniato, um projeto de co-edição de um livro inédito e de um esgotado. O inédito – ´´Toada do Esquecido e Sinfonia Eqüestre´´- foi publicado em 2006. Quanto ao esgotado, estamos mandando para a gráfica o ´´Madona dos Páramos´´, que é o romance mais conhecido de Dicke. Ele acompanhou todo o processo, tendo participado da revisão, mas, infelizmente, não verá o livro publicado.´´
Nascido em Chapada dos Guimarães, Ricardo Guilherme Dicke foi descoberto e reconhecido por Antônio Olinto, João Guimarães Rosa e Jorge Amado. Bacharelou-se em Filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1971. Em 1972 , licenciou-se em Filosofia, pela Faculdade de Educação também da Universidade Federal de Rio de Janeiro. Trabalhou como professor, tradutor e jornalista para várias editoras e jornais de grande circulação no Rio de Janeiro e Cuiabá. Foi revisor e copy-desk em várias editoras e especialmente entre 1973 e 1975 no jornal O Globo, do Rio de Janeiro. Como artista plástico estudou pintura e desenho, entre 1967 e 1969 com Frank Scheffer e entre 1969 e 1971, com Ivan Serpa e Iberê Camargo. Estudou Cinema no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Fez exposições em Cuiabá e no Rio de Janeiro. Publicou os seguintes romances: ´´Deus de Caim´´; ´´Como o Silêncio´´; ´´Caieira´´; ´´A chave do Abismo´´; ´´Madona dos Páramos´´; ´´O Último Horizonte´´; ´´Cerimônias do Esquecimento´´; ´´Conjuctio Opositoruium no Grande Sertão´´, tese de mestrado em Filosofia na UFRJ; ´´O Salário dos Poetas´´; ´´Rio Abaixo dos Vaqueiros´´. Escreveu, além destes, mais de dez títulos de romances e outras vinte obras, de contos, teatro e poesia, que permanecem em sua casa aguardando um editor.
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Corpo do escritor Guilherm Dicke é velado na UFMT
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