A região em que aconteceu o maior acidente aéreo do Brasil, no Nortão de Mato Grosso, pode estar dentro de um buraco negro no radar do controle aéreo brasileiro. Um controlador de vôo que atua há 20 anos na profissão, revelou, em entrevista ao programa Fantástico, ontem à noite, que existe um ponto cego que chega a milhares de quilômetros quadrados, dentro da área do Cindacta de Brasília.
Foi nesta região, próximo a fazenda Jarinã, cerca de 200 km de Peixoto de Azevedo, que ocorreu a colisão entre o jato Legacy e o boeing da Gol, no dia 29 de setembro, causando a morte de 154 pessoas. Segundo ele, o contato com as aeronaves que sobrevoam esta região, e as torres de controle, é feito somente por rádio, mas não por radar. Ele também declarou que, muitas vezes, os equipamentos apresentam falhas e as freqüências são ruins.
As investigações que apuram as causas do acidente ainda são realizadas pela Polícia Federal (PF) de Mato Grosso. Na semana passada o delegado Rubens Maleiner interrogou os 13 controladores de tráfego aéreo que trabalham no dia do acidente. Nos próximos dias, a Polícia Federal também vai analisar as gravações das caixas-pretas das duas aeronaves, que foram entregues pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), por determinação da Justiça Federal de Sinop.
Os pilotos do jato Legacy, que após a colisão conseguiu pousar, também deverão depor.