Representantes do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso definiram como sub-humanas as condições do Pronto Socorro de Várzea Grande. A unidade de saúde foi vistoriada na quinta-feira (19) e o relatório com os principais problemas do local foi divulgado esta tarde. Segundo a presidente do CRM-MT, Dalva Alves das Neves, os médicos confirmaram paralisação a partir de 1º de fevereiro. As condições precárias para exercício do ato médico e os salários atrasados são apontados como os principais motivos para possível paralisação dos profissionais de saúde.
“Mesmo em greve, 40% da equipe vai continuar trabalhando, pois os atendimentos de urgência e emergência não pode ficar paralisados. O médico sabe de suas obrigações e as cumpre, porém, o poder público não cumpre com o dever de dar condições dignas de trabalho e pagamento de salário em dia. Os médicos temporários informaram que vão pedir demissão”, pontuou Dalva.
Um dos principais problemas apontado é o risco iminente de uma autoclave – equipamento responsável pela esterilização – incendiar. Segundo o coordenador de fiscalização do CRM-MT, Pedro Crotti, o equipamento se encontra em uma área inapropriada.
“A central de esterilização de material não obedece às normas legais de funcionamento. Há cruzamento e materiais sujos e limpos e não há barreira física para a autoclave. Há inúmeros materiais (como colchões e outros) de forma inadequada e com risco de incêndio”, explicou.
O reduzido número de leitos e as condições de higiene em todos os setores também preocuparam os conselheiros. “Os pacientes internados em observação esperam os resultados de exames nos corredores e aqueles que deveriam estar na sala de emergência estão alocados em espaço que não possui médico plantonista e abriga nove poltronas e sete camas, praticamente sem espaço entre um leito e outro, com pacientes de ambos os sexos, de todas as idades, sem condições de higiene, sem enfermeira presencial, com apenas dois técnicos em enfermagem”, observou Dalva.
Segundo o relatório do CRM, há um único banheiro para atender a todos os pacientes da emergência, incluindo a limpeza e higienização inicial dos pacientes politraumatizados. Os corredores de circulação dentro do centro cirúrgico acomodam pacientes já operados, que estão colocados em macas, por falta de vagas nas enfermarias.
Ainda de acordo com o levantamento, não há sala de reanimação de recém-nascido, sendo a mesma feita dentro de uma das salas cirúrgicas, de forma improvisada, sem equipamentos e condições mínimas de segurança. “Segundo informações da enfermeira, as salas de pré-parto, parto normal e parto cirúrgico ainda não estão prontas (após a reforma), aguardando materiais e equipamentos”, informou Dalva.
Após constatar as irregularidades o CRM-MT irá emitir relatórios ao Ministério Público Estadual, a fim de que o mesmo acione o poder público para tomar providências a respeito das situações. “No ano passado inteiro não houve melhorias nesses locais que em tese são destinados à saúde, portanto para 2012 esperamos que os gestores cumpram com suas obrigações de fornecer saúde à população. Esse é um dever do município, do Estado e da União”, frisou Dalva.