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Companhia pagará R$ 4 milhões de indenização por queda de avião em terra indígena no Nortão

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O povo Mebengokre Kayapó, que habita a terra indígena Capoto/Jarinã, na região de Peixoto de Azevedo (197 quilômetros de Sinop), receberá R$ 4 milhões de indenização da companhia aérea Gol por danos ambientais, materiais e imateriais decorrentes da queda de um avião na região, em setembro de 2006. O acordo entre a empresa e os indígenas havia sido formalizado ainda no ano passado, no entanto, o valor somente foi definido esta semana.

Além de reparar os danos espirituais, medida considerada inédita, a companhia aérea compensará os índios por não ter retirado da floresta os destroços do avião.  Os R$ 4 milhões da indenização da Gol serão depositados numa conta do Instituto Raoni, entidade sem fins lucrativos criada pelo cacique homônimo em 2001. Ela representa cerca de 2 mil índios que vivem na terra indígena, na região do baixo Xingu, entre Mato Grosso e Pará. O Ministério Público Federal (MPF) vai acompanhar a aplicação do dinheiro.

Os índios afirmam que vão utilizar a indenização para melhorias na terra indígena – estruturando as aldeias, comprando carros e maquinários, melhorando a vida da comunidade. Também querem utilizar parte do dinheiro para se mobilizar com outras etnias numa campanha nacional contra as recentes ameaças aos direitos indígenas, exemplificadas na PEC 215, em trâmite no Congresso (que pretende transferir o poder da demarcação de terra do Executivo para o Legislativo) e na decisão do governo Michel Temer de alterar o rito das demarcações de terras, anunciadas e então revogadas após críticas da sociedade civil sobre a constitucionalidade da medida.

O avião operava a linha do voo 1907, entre Manaus e Rio de Janeiro, e caiu após se chocar com um jato Legacy que seguia para os Estados Unidos. Ao todo, 154 pessoas morreram no acidente, entre passageiros e tripulantes. Após a queda da aeronave, a área afetada pelo acidente tornou-se imprópria para o uso da comunidade, por razões de ordem religiosa e cultural. Segundo as crenças e tradições do povo Kayapó, a área tornou-se uma casa dos espíritos. “Naquele lugar nós não vamos caçar, não vamos fazer roça, não vamos pescar. Nós respeitamos os espíritos que moram lá”, explicou o cacique Bedjai Txucarramãe.

Com informações da assessoria de imprensa do MPF e da Agência Pública.

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