O trimestre (setembro, outubro e novembro) é marcado pelo final da estação seca e início da estação chuvosa em grande parte do Amazonas, ou seja, os máximos da chuva que encontravam-se no noroeste do Amazonas e Roraima, a partir de meados de outubro deslocam-se para noroeste/sudeste da região, aumentando gradativamente a precipitação no Amazonas, Rondônia, sul do Pará e norte de Mato Grosso, principalmente no final do trimestre. Isso é o que aponta a climatologia de chuva descrita no Boletim Climático da Amazônia, produzido e divulgado pelo setor de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).
De acordo com as análises de dados observacionais e prognósticos de modelos numéricos discutidos durante a Reunião Climática, o oceano Pacífico equatorial tenderá a um padrão de resfriamento, ou seja, o La Niña, fenômeno favorável à ocorrência de chuvas acima do padrão normal em algumas áreas da região Amazônica. O Oceano Atlântico Tropical também deverá persistir o padrão de aquecimento, contribuindo o aumento do fluxo de vapor d”água na atmosfera na faixa litorânea favorecendo um número maior de linhas de instabilidades, e alguns desses eventos deslocam-se continente adentro, e causam chuvas fortes ao longo do caminho percorrido podendo atingir o leste do estado do Amazonas, fronteira com estado do Pará.
“Assim, o nordeste do Amazonas (incluindo a capital Manaus) deverá apresentar chuvas acima do padrão climatológico, assim como o norte e centro do Pará, noroeste do Maranhão, sudeste de Roraima e estado do Amapá. E abaixo dos padrões climatológicos poderá ocorrer no noroeste do Amazonas, assim como no oeste de Roraima, e porção centro-sul do Mato Grosso. Nas demais áreas, a chuva poderá ocorrer dentro dos padrões climatológicos”, aponta a meteorologista do Sipam, Ana Cleide Bezerra.
No entanto, a previsão para o estado do Amazonas é ainda de temperaturas acima da média, inclusive em grande parte da Região Amazônica, exceto na porção norte da Amazônia Oriental (o norte do Pará, noroeste do Maranhão e no estado Amapá, as temperaturas poderão ocorrer dentro dos padrões normais).
Conforme as informações do boletim, o início do trimestre ainda estará sujeito a eventos de friagens, no entanto, apenas o sul do Amazonas deve ser afetado. A massa de ar seco no Brasil Central ainda deverá persistir no início do trimestre, e municípios que estão localizados na porção sul e leste do Amazonas estão dentro da área de abrangência desse sistema.
“A principal característica desse sistema está na dificuldade de formação de nebulosidade, devido a baixos valores de vapor d”água na atmosfera, com o céu sem nuvens a radiação solar atinge diretamente a superfície da terra durante o dia, e a noite essa energia é liberada de volta para atmosfera, e a temperatura cai, favorecendo a ocorrência de grandes amplitudes de temperatura. A baixa umidade relativa do ar também tem sido um problema na região, e no início do trimestre deverá permanecer com valores abaixo de 30%, principalmente, nos estados de Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, sul do Pará e do Maranhão”, informou a meteorologista.
O trimestre que dá início à transição para a estação chuvosa no sudoeste amazônico trará chuvas dentro do esperado para o Acre, norte, leste e oeste mato-grossense. Já o centro-sul do Mato Grosso terá menos precipitação do que o normal e o mesmo ainda ocorre em Rondônia neste mês de setembro, dada a remanescente influência da massa de ar seco sobre o Brasil central.
O calor será mais intenso no período, com temperaturas acima da média em Rondônia, Acre e Mato Grosso. Esta situação está relacionada com o resfriamento do Oceano Pacífico Tropical, fenômeno conhecido como La Niña. Entretanto, em setembro, a ocorrência de friagens ainda poderão amenizar temporariamente o calor.