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Chacina de Matupá: delegado depõe em júri e questiona fatos narrados na denúncia

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O delegado de Polícia Civil, Enio Carlos Lacerda, alegou inocência, esta manhã, durante depoimento na última sessão do júri popular da “Chacina de Matupá” (que ocorreu há 21 anos). O delegado, que na época respondia pela delegacia de Peixoto de Azevedo, disse que no dia do sequestro, foi chamado para cooperar com as negociações e os fatos narrados na denúncia “não são verdadeiros”. Enio Lacerda garantiu não haver determinação para matar os 3 assaltantes. Ele afirmou que não estava em Matupá no momento em que as vítimas foram queimadas ainda vivas. Afirmou que chegou na cidade “por volta das 9h30 e a crise já estava instalada”, não se recordando dos nomes dos policiais que estavam no local.

Ao responder perguntas da promotoria, ele informou ainda que, “após se renderem, os assaltantes foram entregues para a PM, que deveria levá-los ao aeroporto, garantindo que se fosse requisitado o serviço da Polícia Civil, teria ocorrido a cooperação. Eu tive que vir para cá (Matupá) com dois policias e deixar desguarnecida a minha delegacia com 37 presos”, defendeu-se. O delegado finalizou o interrogatório alegando entender como um absurdo a “chacina de Matupá”.

Enio Lacerda está entre os 5 que continuam sendo julgados, neste momento, no fórum de Matupá. Mais de 23 pessoas foram julgadas 3 acabaram sendo condenadas até agora.

Hoje de manhã, o primeiro a prestar depoimento foi Antonio Pereira Sobrinho, conhecido como “Tonho”, que está sendo acusado de participação nos homicídios dos assaltantes Ivacir Garcia dos Santos, 31 anos, Arci Garcia dos Santos, 28, e Osvaldo José Bachinan, 32, em novembro de 1990. De acordo com os autos, ele teria fornecido um galão de gasolina e incitado a população a agredir e queimar os três assaltantes que haviam mantido como reféns uma família por doze horas na noite anterior. Sobrinho disse que não matou ninguém e negou ter fornecido a gasolina aos moradores.

O segundo réu a depor, José Antonio Correia, responde pelas mesmas acusações e confirmou, ao juiz, ter chutado uma das vítimas, pois já havia ocorrido muitos assaltos e tinha medo que sua família também fosse vítima de situação semelhante. José disse não saber qual das vítimas chutou, mas que na hora do golpe não estava morta. Durante o depoimento, o réu disse à promotora que ficou pouco tempo no local, mas viu os assaltantes serem queimados de longe. Negou ter visto uma das vítimas agonizando por 20 minutos e, depois, sendo interrogada. A defesa questionou se havia o interesse em matar os assaltantes, se alguém tentou impedi-lo das agressões e se havia pisado na cabeça de uma das vítimas ou apenas chutado. Para as duas primeiras perguntas, as respostas foram negativas. Na terceira, garantiu que apenas chutou.

Roberto Konrath, que dirigia o veículo do então prefeito da cidade, que levava os assaltantes ao aeroporto e, de lá seguiriam para Colíder, é apontado como a pessoa que desalgemou as vítimas para que fossem mortas. É apontado ainda como responsável por balear um dos homens. O réu confirmou ter tirado a algema de uma das vítimas. Contou que o caminho até o aeroporto estava bloqueado por um caminhão, por isso tentou voltar para a delegacia de Matupá. Como tinha muita gente no caminho, parou o veículo. Atribuiu parte da culpa ao soldado da PM, que informou não haver como deixar o local. A PM era responsável pela escolta, mas não conseguiu seguir em frente por causa do bloqueio feito pela população. O juiz questionou se alguma vítima estava ferida e o réu respondeu não saber, afirmando que ele mesmo tem a mão machucada ainda hoje por causa das pedradas que recebeu na ocasião. Ao juiz, disse não ter tirado a vida de ninguém.

O júri popular deve terminar à noite.

(Atualizada às 15h12)

 

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