Dois casos de racismo são registrados por dia em Mato Grosso. Os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontam que somente nos 4 primeiros meses do ano, foram 207 registros. Se comparado com mesmo período do ano passado, quando foram 176 denúncias registradas, as ocorrências aumentaram em 17%. Especialista ressaltam, no entanto, que os casos registrados são minoria pois, na verdade, os crimes de racismo são muito mais presentes na sociedade do que estes registros.
A ocorrência de “injúria mediante preconceito” foi a mais reclamada oficialmente, com 172 casos no Estado entre janeiro e abril deste ano. Já “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” teve 35 ocorrências. No ano passado, no mesmo período, os números foram 145 e 31, respectivamente.
Em Cuiabá, este ano, foram 66 casos de racismo notificados, 53 por “injúria mediante preconceito” e 13 por “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. O levantamento aponta um aumento de 11% em relação a 2017.
Em Várzea Grande o levantamento mostra 21 casos de racismo neste ano, mesmo número registrado ano passado. Na Cidade Industrial somam entre janeiro e abril de 2018, 17 casos por “injúria mediante preconceito” e 6 por “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune/MT), Antonieta Luisa Costa afirma que as denúncias dos crimes de racismo ainda são poucas. Diz que a sociedade acredita que estes crimes não serão solucionados e, por isso, deixam de denunciar. “As vítimas, geralmente, estão em situação de vulnerabilidade e o opressor usa isso. A maioria não presta queixa por não acreditar no sistema de segurança pública. Temos que quebrar este muro criado e que levou as pessoas a pensarem que não vale a pena denunciar”.
Antonieta destaca que mesmo Mato Grosso sendo composto de mais de 60% de negros, o preconceito ainda é gritante. “A gente fica indignado em ver o aumento da discriminação. Em não conseguir que poder público faça políticas públicas para a comunidade. Mas o racismo só vamos eliminar com a educação e precisamos investir nisso”.
O Imune emitiu nota de repúdio contra os ataques racistas sofridos pela fotógrafa Mirian Rosa. O Imune afirma que vai cobrar das autoridades responsáveis a prisão de Rafael Andrejanni. “Conclamamos que as autoridades competentes não façam vistas grossas a esta clara manifestação de racismo, pois fomos coletivamente agredidas”.