O Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá, na tarde do próximo domingo, será o palco de uma grande festa elaborada com o objetivo de derrubar mitos e preconceitos históricos a respeito dos processos de adoção de crianças e adolescentes, mas com uma abordagem leve e descontraída. A ação integra os esforços da campanha permanente "Adotar é Legal", da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) e marca as celebrações alusivas ao Dia Nacional da Adoção, celebrado no dia 25 de maio em todo país.
A programação especial no parque terá início às 15h, proporcionando ao público várias atrações culturais e manifestações artísticas. A Ceja levará para o local cerca de 80 crianças e adolescentes abrigados com idades entre 12 e 18 anos, com o intuito de integrá-los ao meio social. "Acho de suma importância a realização da campanha, no sentido de fazer com que a sociedade tome conhecimento da realidade das adoções. Ainda existem muitos mitos e este é meio perfeito para levar a todos dados e referências sobre o assunto", argumenta a juíza auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça, Valdeci Moraes Siqueira.
A magistrada informa que as celebrações do Dia Nacional da Adoção também terão abrangência estadual dentro do Poder Judiciário, já que também as comarcas pretendem desenvolver atividades referentes à data. "A adoção é um gesto de amor incondicional, não só por parte do casal em questão, mas de todos os familiares Quem vai adotar pode contemplar nos olhos dos pequeninos a necessidade de pertencer a um lar", completou a juíza, que estará presente no Parque Mãe Bonifácia.
Além de romper antigas resistências, a iniciativa também promoverá a divulgação do projeto Padrinhos, Pais Solidários, uma forma alternativa de abraçar a causa e contribuir para reduzir o sofrimento de quem está à espera de uma família. De acordo com a secretária-geral da Ceja, Jamilly Castro da Silva, os interessados em apadrinhar as crianças e adolescentes abrigados em entidades de Cuiabá e Várzea Grande podem escolher três caminhos: serem padrinhos afetivos, aqueles que fazem visitas nos finais de semana; padrinhos provedores, que optam por pagar cursos profissionalizantes; ou voluntários que queiram desempenhar a função de prestadores de serviço. "Recebemos a visita de uma jovem de 20 anos que se disse interessada em atuar como voluntária, ensinando as crianças a fazer doces. Qualquer tipo de ajuda e ação é muito bem-vindo", afirmo a secretária-geral da Ceja.
Dados da Associação Nacional dos Magistrados revelam que atualmente existem cerca de 80 mil crianças e adolescentes à espera de adoção em todo o país, sendo que 480 delas estão abrigadas em instituições da Baixada Cuiabana. Nos cadastros da Ceja cerca de 300 casais já estão habilitados e 45 crianças estão aptas para a doação. Os números, no entanto, não traduzem a complexidade da situação real. O perfil das crianças que já se encontram disponíveis para adoção, na maioria, estaria fora do chamado "padrão" requerido pela maioria dos que pleiteiam um filho de coração. Em geral, buscam crianças recém nascidas ou com no máximo quatro anos de idade, do sexo feminino, brancas e sem qualquer problema físico ou mental. "Através de campanhas como essa, queremos sensibilizar a sociedade para que haja uma modificação desse perfil", completa a secretária-geral.
O público que comparecer ao parque poderá assistir a shows musicais, como o da dupla mirim João e Júnior e à apresentação dos humoristas Nico e Lau, além de um número de mágica. As crianças receberão ainda picolé, pipoca e algodão doce e haverá distribuição de materiais informativos.
Na segunda-feira, haverá distribuição de panfletos nos shoppings da cidade e a partir das 18h, no Fórum da Comarca de Cuiabá, serão ministradas duas palestras pela juíza Cleuci Terezinha Chagas titular da Primeira Vara da Infância e Juventude e pela psicóloga, mestra e doutora em psicologia da adoção Lídia Weber.