Menos de dois meses após bloquearem as principais rodovias federais no Estado (BRs 163, 070 e 364), os caminhoneiros ameaçam repetir o gesto. Na ocasião, eles protestaram contra os baixos preços dos fretes em Mato Grosso. Desta vez, segundo o representante do Movimento dos Transportadores de Grão (MTG), Gilson Baitaca, a revolta é com as promessas feitas pelos governos federal e estadual sobre as reivindicações e que, segundo ele, não foram cumpridas.
“Não recebemos retorno. Estivemos com o governo estadual em duas ocasiões. O vice-governador, Carlos Fávaro, se comprometeu a criar um fórum para discussão. A equipe de trabalho teria representantes do setor de transporte, produtivo, entidades representativas, Assembleia Legislativa e governo estadual. Simplesmente não houve mais resposta. Em relação ao governo federal, é a mesma situação. Protocolamos pauta com 13 itens e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ficou de responder item por item o que seria possível cumprir. Simplesmente o assunto morreu”.
Segundo Baitaca, houve redução nos preços dos fretes em algumas praças, nos últimos dias, situação considerada inaceitável pelo setor. A pressão por preços mais justos, explica, pode culminar com o novo bloqueio de rodovias. “Estamos avaliando esta possibilidade. A única forma de regular o mercado é bloquear rodovia e fazer faltar caminhão. Não há nada definido ainda, nem data. O que estamos avaliando é como será este protesto, caso ele venha a ocorrer. Se houver qualquer alteração de valor no preço dos fretes neste ‘pico’ de safra, pode ter certeza que haverá consequências”.
Conforme Só Notícias já informou, em dezembro do ano passado, foi aprovado na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados o projeto (PL 528/15) que define uma política de preços mínimos para o setor de transporte de cargas. Agora, a proposta passará pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e, se aprovada, seguirá direto para o Senado. A última tramitação do projeto ocorreu ainda no dia 16 de dezembro, quando foi aberto prazo para emendas na Comissão de Justiça e Cidadania.
O projeto determina que, nos meses de janeiro e julho, o Ministério dos Transportes regulamente os valores mínimos referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes por eixo carregado. Até que isso ocorra, o texto prevê como mínimo R$ 0,90 por quilômetro rodado para cada eixo carregado, no caso de cargas refrigeradas ou perigosas; e de R$ 0,70, nos demais tipos de cargas. Para fretes considerados curtos (em distâncias inferiores a 800 quilômetros), esses valores são acrescidos em 15%.