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Buracos tomam conta das ruas de Várzea Grande

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Carros quebrados, facilidade para a prática de assaltos, muita poeira durante o tempo seco e lama no período de chuva, essas são as consequências de uma cidade com ruas repletas de buracos, situação que os moradores de Várzea Grande vivenciam há pelo menos cinco anos. O problema se estende do centro até os bairros mais periféricos e já fez diversas vítimas, chegando a atingir até mesmo o muro de uma escola pública no bairro Costa Verde.

Na rua Jaime Benevites, no bairro Jardim Aeroporto é possível ver tantos buracos, que uns chegam a emendar junto a esquina. Moradora do local há 12 anos, a dona de casa Antonieta Madalena de Souza, 48, diz que não sabe mais a quem recorrer, pois até no Ministério Público ela já registrou denúncia. “Da prefeitura sei que não vai sair a solução, já que esse problema é decorrente de gestões anteriores, sai e entra prefeito e as coisas continuam da mesma maneira. Se o Município não assume suas responsabilidades, quem irá fazê-lo”.

Antonieta conta que os prejuízos por conta dos buracos já foram muitos, desde pneu de carro furado, a assalto na porta de casa. “A gente sai de um e cai dentro de outro. Outro dia reduzi para poder passar, foi o tempo de dois homens em uma moto apontar a arma para mim ainda dentro do veículo e levar minha bolsa”. Ela acrescenta que isso está acontecendo em toda a Várzea Grande, pois até seu filho que mora no Cristo Rei também já foi vítima de ladrões que agiram da mesma maneira. Na rua Projetada 6, no bairro Cristo Rei a situação não é muito diferente. Paralela a uma das maiores universidades da Grande Cuiabá, a via se encontra em um estado considerado pelos motoristas em completo abandono.

A acadêmica Shenya Ferreira, 22, mora em Cuiabá, mas estuda em Várzea Grande e passa pela referida rua de segunda-feira a sexta-feira. Ela conta que também já teve vários prejuízos por causa dos buracos. “Em um ano realizando esse trajeto já perdi quatro jogos de calotas, os pneus do meu carro “rasgaram” pelo menos umas cinco vezes e para fechar com chave de ouro o ano, fui assaltada na porta da faculdade, justamente no tempo de reduzir o veículo para passar no buraco”.

A estudante já tentou pedir a intervenção da universidade no intuito de resolver o problema, uma vez que muitos alunos passam pelo mesmo que ela. “Entendo que a instituição não tem a responsabilidade de tapar os buracos,mas quem sabe ela entrando em contato com a prefeitura, eles decidam fazer algo, por que está praticamente impossível transitar por aqui”.

E se tem uma coisa que os moradores do bairro Costa Verde entendem é de asfalto com buracos. A região está completamente tomada por eles e no período de chuva tem representado perigo em dobro, como conta o morador Agnaldo Moreira Ferraz, 35, que reside na rua Francisco Alves do referido bairro. “Quando o tempo é ensolarado pelo menos conseguimos enxergar os buracos, ao contrário da época chuvosa, onda acabamos não os vendo porque a água tampa. Não preciso nem comentar qual é o resultado não é?

Pior ainda é para os motoqueiros que na maioria das vezes acabam no chão”. Na esquina da casa de Ferraz existia um buraco, o tempo foi passando e na rua de cima surgiu um outro. Hoje, cerca de dois meses depois os buracos se emendaram se tornando uma enorme cratera. “Para atravessar a rua tem que passar pelo buraco ou subir na calçada, que daqui uns dias também não será mais alternativa, porque os buracos já
estão invadindo estas também”.

Ao entrar na rua Jacob Bandolim a primeira coisa que se vê são os buracos, e assim é até o seu fim. Nesta via além das residências, existem vários comércios e a Escola Estadual Gonçalo Botelho de Campos que também reflete os problemas trazidos pelos buracos. Moradora da rua há quatro anos, Cristiane Jascinto de Jesus, 30, mantém uma casa de construção que teve suas vendas prejudicadas significativamente, por conta das crateras em frente ao seu comércio. “Até para os motoristas que dirigem os ônibus que passam por aqui está difícil transitar, imagina para os meus clientes que possuem carros de passeio. Esses dias o pneu de um furou 30 metros antes de chegar aqui”.

Cristiane diz que os buracos já fizeram aniversário de tão antigos que são e não se lembra se quer de qual foi a última vez em que realizaram o processo de tapa buraco na rua. “Esses buracos não são de agora, eles são herança de gestões anteriores. Mas nos últimos dois anos a sensação que temos é de que fomos completamente abandonados pelo poder público”.

Um dos comerciantes mais antigos da rua, Francisco de Assis Xavier é proprietário de uma soverteria e relata que teve suas vendas reduzidas em cerca de 30%, por causa dos buracos. “Quando chove é lama que toma conta da rua, no período mais seco é a poeira que não dá trégua. Antigamente faltava mesa para atender as famílias que frequentavam a sorveteria. Hoje quando vendo R$ 50 por dia é muito”. Xavier também reclama do abandono do bairro por parte da prefeitura. “Eu vi os buracos nascerem e crescerem e continuam crescendo. O prefeito Walace Guimarães precisa vir aqui com o carro dele para passar o que nós passamos todos os dias”.

Em frente a sorveteria do Francisco está a escola Gonçalo Botelho de Campos, unidade de ensino que também sofre com os buracos, que invadiram a calçada e atingiram o muro, que teve sua metade desmoronada. No momento em que realizávamos a reportagem, um caminhão que fazia a entrega de garrafões de água quebrou ao tentar passar por um dos buracos. “Só aqui em Várzea Grande é a segunda vez que esse mesmo caminhão quebra por causa dos buracos, e o prejuízo só fica para a empresa, porque a prefeitura não está nem um pouco preocupada pelo que passamos”, disse indignado o motorista Jean Carlos Araújo, 26.

Outro lado – A Secretaria de viação, obras e urbanismo de Várzea Grande admitiu que toda a cidade passa por um momento delicado por causa dos buracos, mas informou que um estudo já foi realizado para que os pontos mais críticos sejam recuperados. Segundo o gestor da pasta, Gonçalo Barrros o orçamento é reduzido e por isso não é possível atender toda a demanda. “Já conseguimos recursos do PAC II, financiado pela Caixa Econômica Federal, mas ainda assim a verba é pouca para atender toda a cidade. Os projetos estão prontos e em breve começaremos a executálos. Um bairro já confirmado com o benefício é o Cristo Rei, os demais ainda confirmaremos”. 

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