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Atestado falso em Alta Floresta faz mulher reencontrar filhas 36 anos depois

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Uma mulher que mora hoje em Araras (SP) descobriu que estava “morta” após ser assaltada e tentar tirar novos documentos. O absurdo da situação, no entanto, permitiu que ela encontrasse pistas para rever, após 36 anos, as filhas levadas embora por seu ex-marido. Maria Tereza da Silva Cavalcante descobriu um atestado de óbito em seu nome emitido em Alta Floresta (MT), em 1990.

Isso significava, pela lei, que ela estava morta havia 19 anos. A primeira pista para desfazer o mistério foi o nome de quem levou ao hospital de Alta Floresta a mulher que morreu em 1990: João Tenório Cavalcante (o mesmo nome do ex-marido de Maria Tereza).

Segundo Maria Tereza, o casal vivia no Paraná. Depois de uma briga em que um acusava o outro de traição, João Tenório fugiu com as quatro filhas pequenas, há 36 anos.  “Meu sonho era achar minha filhas, porque nunca as deixei um segundo com ninguém”, diz.

Na fuga, João Tenório roubou os documentos de Maria Tereza. Além das filhas, levou também uma jovem chamada Maria, de sobrenome desconhecido, que ele tinha recolhido na rua e abrigado em casa.

Maria Tereza nunca mais soube da família até a confusão com o atestado de óbito trazer seu passado de volta. Em Alta Floresta, um filho de João Tenório não reconheceu a foto de Maria Tereza, mas disse que seu pai está vivo e mora em Mirassol do Oeste, na fronteira com a Bolívia.

Na cidade, João Tenório negou a história contada por Maria Tereza. Mas a filha mais velha do casal, com seis anos na época, se lembrou de um tecido comprado pelo pai quando a mãe viajava para Curitiba.

João Tenório, então, revelou que, de fato, passou a viver com a outra Maria, a jovem com quem fugiu junto das filhas. E que como a jovem não tinha documentos nem sobrenome, achou mais prático passar para a segunda mulher a identidade da primeira. “Eu achei que não ia dar problema. A gente é analfabeto, simples”, conta.

É a outra Maria, portanto, que está enterrada em Alta Floresta. João Tenório agora vai responder na Justiça por ter usado em documentos públicos uma informação falsa.

Com a descoberta, Maria Tereza reencontrou as filhas, todas vivendo em Mato Grosso. A mais velha é a primeira que decide se reencontrar com a mãe. Depois de abraços guardados durante 36 anos, as duas já começam a se parecer com tantas outras mães e filhas.

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