O número de celulares apreendidos nas unidades prisionais de Mato Grosso em 2012 cresce 65% em relação ao ano anterior. As operações de revista nas unidades resultaram na localização de 1.584 aparelhos. Se os dados da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), que administra o sistema, mostram o aumento nos trabalhos de repressão, demonstram que a comunicação entre criminosos e integrantes de quadrilha que estão nas ruas para o planejamento e a prática de crimes continua intensa.
Os dados da Gerência de Inteligência da Sejudh apontam um contínuo crescimento no índice de apreensões. Levando-se em consideração o volume de apreensões desde 2010, quando foram apreendidos 760 celulares, o crescimento ultrapassa 100%. No ano passado, os agentes conseguiram recolher 961 aparelhos.
Secretário adjunto de Administração Penitenciária da Sejudh, coronel Clarindo Alves de Castro, conta que a Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, e a Penitenciária Major Eldo de Sá (Mata Grande), em Rondonópolis, estão entre as unidades que reúnem o maior volume de aparelhos apreendidos. "Na Mata Grande, por exemplo, em uma única operação intensificada foram apreendidos 224 celulares", afirma, citando trabalho conjunto dos agentes com a Polícia Militar, registrado no mês de maio.
Entram nas estatísticas da Sejudh os aparelhos apreendidos nas celas, com os presos e também aqueles arremessados pelos muros das unidades, que acabam interceptados pelos agentes. "Quando há a detenção de um visitante tentando entrar na unidade com os aparelhos, não há a contabilização para fins de estatística. Estes são encaminhados à Polícia Civil e ficam vinculados aos inquéritos policiais".
Castro destaca que estão entre os fatores favoráveis às apreensões a intensificação das revistas, nas celas, a capacitação continuada dos agentes penitenciários e agentes do Setor de Operações Especiais (SOE) e também o apoio das forças de segurança. "Há um contínuo trabalho de melhoria destas ações e, esperamos, com a instalação de bloqueadores de sinal vamos dificultar muito a comunicação entre os reeducandos e pessoas que estão nas ruas".
No mês de dezembro, a Polícia Civil desarticulou uma quadrilha responsável por roubar, em 6 meses, mais de R$ 8 milhões em mer- cadorias. Dos 27 suspeitos identificados como integrantes da quadrilha, 11 coordenavam as ações de dentro dos presídios.
Um dos projetos da Sejudh com vista a inibir o uso de telefone móvel nos presídios é a instalação de bloqueadores de celular nas penitenciárias. A medida encontra-se em fase de pesquisa. De acordo com o assessor da Secretaria Adjunta de Administração Penitenciária, major Daniel Lipi Alvarenga, a Sejudh está pesquisando dentre os modelos disponíveis no mercado, uma tecnologia de bloqueador que se adapte à realidade de Mato Grosso.
Explica que vários modelos já foram pesquisados e novas tecnologias estão sendo conhecidas. "A previsão é que ainda neste primeiro trimestre se conclua a pesquisa das tecnologias e a cotação de preços".