domingo, 12/maio/2024
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Após notificação do MPE, secretaria cancela audiências para discutir implantação de hidrelétrica no Nortão

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A secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) suspendeu as duas audiências previstas para este mês para discussão da implantação da Usina Hidrelétrica de Energia (UHE) Castanheira, no rio Arinos, em Juara (300 km de Sinop) após ser notificada pelo Ministério Público Estadual (MPE). a apresentação dos estudos do empreendimento seria nesta quinta-feira. Já em Novo Horizonte do Norte, estava prevista para amanhã.

O edital de cancelamento das audiências públicas foi publicado, hoje, no Diário Oficial do Estado. O documento, assinado pelo secretário estadual de Meio Ambiente, André Luis Torres Baby, não justificava o motivo do cancelamento. Não é apontado no edital também se as audiências serão remarcadas.

Conforme o MPF, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que se pretendia discutir nas audiências está incompleto e com falhas. “Causa maior insegurança e perplexidade que se pretende discutir um EIA cuja publicação não parece estar completa (ausência de Estudo do Componente Indígena – ECI) e Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (Rima), que deveria ser o instrumento de fácil leitura e compreensão para a coletividade, é inexistente pelo menos no âmbito de sua publicação”.

De acordo com a notificação do MPE, o empreendimento faz parte de um conjunto de dezenas de aproveitamentos hidrelétricos passíveis de instalação na bacia do Rio Juruena. Ao todo, existem 125 hidrelétricas inventariadas para a região. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) promoveu realização da “Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da bacia do Rio Juruena, que levantou os impactos e efeitos cumulativos e sinérgicos do conjunto de aproveitamentos existentes e previstos na bacia”

“Ocorre que da breve leitura do que foi publicado no EIA há indicativos veementes de que os estudos de impactos ambientais apresentados no processo de licenciamento não consideraram o que foi levantado na mencionada AAI, com relação aos efeitos cumulativos e sinérgicos do conjunto de aproveitamentos existentes e previstos na bacia. Nesse sentido, analisando as interferências sobre as áreas de relevante interesse ambiental, legalmente protegidas ou propostas para a Bacia, ficou registrado na AAI que apesar de grande parte dos reservatórios dos aproveitamentos analisados apresentarem tamanho bastante reduzido, a interferência causada nas formações ciliares ainda mantidas em grande parte dos cursos híbridos da bacia podem representar impacto significativo para a conservação da biodiversidade, para os recursos passíveis de serem utilizados pelos povos indígenas”, diz a notificação recomendatória.

De acordo com a assessoria do MPE, a usina poderá concorrer para que ocorra redução quase total dos estoques pesqueiros e ocorrência de epidemias na região do Juruena, riscos esses que devem ser enfrentados e discutidos com as populações direta e indiretamente afetadas.

Na avaliação do Ministério Público, não apenas o empreendimento individualmente considerado, mas também o conjunto da arte representa impactos significativos na Bacia do Juruena. Para o MPE, é fato que o estudo de impacto ambiental específico da UHE Castanheira aponta que os impactos cumulativos com outros empreendimentos no Rio Arinos seriam “impactos desprezíveis” com relação as variações de regime das vazões sazonais. “Não há dúvida que esse apontamento é indicativo de contradição intrínseca mesmo quando se tem por base outro documento oficial, qual seja, o estudo de viabilidade técnica e econômica (EVTE), onde são apontados o registro de 13 PCHs, 3 CGHs e 4 UHEs, inventariadas na bacia do Rio Arinos”.

Segundo a Promotoria, a audiência pública só poderá ser realizada após ser disponibilizado o RIMA para análise da população. Além disto o MPE recomendou fossem adotadas as seguintes providências: “atendimento às indicações do IPHAN no sentido de ser refeita a prospecção para se garantir o conhecimento dos impactos ao patrimônio arqueológico e os resultados de tais estudos discutidos inclusive com a sociedade, seja disponibilizado no âmbito do EIA o Estudo do Componente Indígena, ouvido o Ministério da Saúde na forma da Portaria Interministerial acerca dos estudos epidemiológicos, aprofundados os estudos acerca dos impactos da ictiofauna, revisto o EIA em cotejo com a AAI, enfrentando a questão dos danos cumulativos e sinérgicos tendo em vista todo o conjunto de empreendimentos existentes e previstos na bacia, nos mais diversos cenários, oportunizada nova manifestação ao IPHAN após ser disponibilizado o ECI e completadas as informações etnográficas”.

Segundo informações divulgadas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a UHE Castanheira terá uma potência instalada de 140 MW. O reservatório a ser formado pela barragem deverá ocupar uma área de 9.470 hectares (94,7 km²) e se estender por 67 km. A maior parte da área do reservatório (99,96%) estará no município de Juara e o restante no município de Novo Horizonte do Norte (0,04%).

De acordo com a EPE, a UHE Castanheira não alagará terras indígenas e unidades de conservação. “Além disso, serão criados programas ambientais que buscam a preservação e a redução de impactos sobre a fauna, a flora, os peixes, a qualidade da água e, principalmente, programas sociais que irão mitigar os efeitos causados sobre a população localizada nos municípios que terão terras alagadas e/ou atividades econômicas atingidas”, divulgou a empresa.

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