Alta Floresta , Paranaíta e Apiacás completaram este ano respectivamente , 32, 29 e 25 anos de fundação, três projetos de colonização implantados pela Indeco Colonizadora que desde a década de 70 atua edificando cidades pelo Brasil. A partir deste mês, a Indeco estará homenageando o colonizador Ariosto Da Riva, considerado um dos mais importantes colonizadores da Amazônia. À frente da Indeco, Ariosto conseguiu rapidamente dar infra-estrutura a esses municípios e por isso recebeu inúmeros elogios do Congresso Nacional e da imprensa brasileira. Num levantamento feito pela CPI da Terra no Congresso Nacional ano passado, a Indeco foi considerada uma das mais respeitadas colonizadoras do país, principalmente por garantir a regulaização fundiária nas áreas em que atuou na Amazônia mato-grossense.
A história das três cidades é um retrato da dedicação de muitos brasileiros que vieram em busca de trabalho e qualidade de vida. Para que as futuras gerações possam conhecer melhor a história do pioneirismo na região , a Indeco fará uma série de homenagens pelos relevantes trabalhos do colonizador e de famílias que vieram para Alta Floresta e até hoje são responsáveis pelo desenvolvimento de toda a região. A empresa também anunciou que já tem o projeto de construção de um museu da história onde pretende reunir o material fotográfico da Indeco e de famílias pioneiras.
A História
As terras da região foram abertas ainda em 1974 quando a Colonizadora Indeco e outras empresas adquiriram do Governo do Estado e cujos pagamentos proporcionaram grandes investimentos em Cuiabá, como a construção do Centro Político Administrativo( CPA) e do Estádio Verdão.
Dediicado e destemido, o idealizador da Indeco , o paulista Ariosto da Riva sentiu o potencial das terras da Amazônia matogrossense e sonhou com a expansão da fronteira agrícola apostando na força de trabalho dos homens que vieram para a região. Um sonho perseguido até seus últimos dias de vida. Na época, Ariosto foi manchete na imprensa nacional, considerado um dos últimos bandeirantes a ter ousado entrar na floresta amazônica e implantar rapidamente Alta Floresta. Antes mesmo de chegar a Mato Grosso, o colonizador fundou ainda na década de 50 a Colonizadora Vera Cruz em Marília-SP e abriu a cidade de Naviraí , no Mato Grosso do Sul.
Tempos Difícies
Na década de 70 a agricultura no sul do Brasil vivia situações de expulsão do café pela soja e pelas geadas. O aumento do minifúndio (divisões de pequenas propriedades por herança) reduzia as áreas dificultando o cultivo. Ariosto da Riva aprovava a idéia de interiorização deflagrada pelo presidente da República Juscelino kubitschek com quem teve grande proximidade. Após uma passagem pela região do Vale do Araguaia , veio a participar do convite formulado pelos governos federal e estadual, que lançaram um programa de ocupação do imenso vazio demográfico do norte mato-grossense, região que já havia conhecido através de “expedições” pioneiras e que julgava ser excelente quanto ao clima e à qualidade das terras.
As vendas das terras, autorizadas pelo Senado Federal, foram realizadas pelo Estado de Mato Grosso (1973), com a obrigação de implantação de projetos de colonização que contemplassem investimentos em obras de infra-estrutura, com recursos da iniciativa privada. Em 1974 a Indeco venceu a licitação na aquisição de 400.000 hectares e iniciou suas atividades com a construção de 150 km de estrada de acesso aos empreendimentos.
A força da agricultura e da pecuária
Ariosto visava a implantação de uma agricultura baseada no café , cacau, guaraná e nas lavouras de subsistência de arroz, milho, mandioca e com a construção de um forte apoio ao setor produtivo com a garantia do beneficiamento da produção na própria região. Em apenas três anos foram plantadas pelos agricultores mais de 10 milhões de covas de café e mais de 6 milhões de pés de cacau, que já contavam com uma infra-estrutura de beneficiamento e comercialização, que abrangia também os produtos das lavouras anuais. Trabalhou então para implantar áreas rurais com as escolas projetadas ( 120 unidades) , a eletrificação rural e estradas, viveiros de café, cacau e guaraná, no beneficiamento de cereais, na implantação efetiva da assistência técnica rural (Ceplac,Emater,Embrapa), para viabilização de financiamentos (B.Brasil, Bradesco, Itau), e na na atração de todas as atividades, públicas e privadas, complementares ao processo de ocupação do território.
Após dez anos houve a intensificação da atividade de extração mineral, através de garimpeiros autônomos e empresas mineradoras, que já atuavam desde o inicio da década de 80 com o descobrimento do ouro em toda a região. A economia do país vivia um intenso processo inflacionário que inviabilizava a atividade agrícola; a atração pelo garimpo e a ilusão de enriquecimento rápido desvirtuou temporariamente os objetivos da INDECO. No inicio da década de 90, já depois da fase do ouro, a tímida pecuária existente passou então a crescer na participação das atividades econômicas da região.
Em apenas uma década Alta Floresta, Paranaíta e Apiacás passaram a ter um dos maiores rebanhos do Estado e a pecuária consolidou-se com a implantação de frigoríficos regionais, sendo um em Alta Floresta no ano de 1998; a pecuária leiteira trilha o mesmo caminho e vem fortalecendo a economia das pequenas propriedades. Sempre em busca dos melhores caminhos para o desenvolvimento econômico, Alta Floresta se consolidou como um dos mais importantes centros urbanos do Norte do Estado , impulsionados pela agricultura, pecuária, madeira e o ecoturismo.
”O sucesso da Indeco deve-se a total dedicação do meu pai a seus objetivos, ao perseguir a formação de uma sociedade organizada territorialmente, juridicamente, socialmente, economicamente e politicamente influente. Ele acreditava na força produtiva dos homens, apoiando intensamente todas as iniciativas, e lutava para que as atividades rurais fossem plenamente assistidas, principalmente no setor educacional”, comenta o filho Vicente da Riva, diretor de Planejamento e presidente da Indeco no período de 1973 à 1996.
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A Indeco Colonizadora é hoje considerada como a iniciativa de colonização privada mais bem sucedida do país e, que foi analisada, estudada e pesquisada pelo Brasil e outros países, interessados em descobrir como se processava o deslocamento, o assentamento e a assistência as populações envolvidas. Alta Floresta, principal pólo regional é hoje uma cidade com todos os serviços públicos instalados, aeroporto com suporte para receber grandes aeronaves, dezenas cursos de ensino superior público e privado, setor de saúde estruturado contando com Hospital Público e cinco hospitais privados, totalizando mais de sessenta profissionais, clínicas odontológicas especializadas, e infra-estrutura comercial para atender, além dos seus 50 mil habitantes, a toda a demanda regional dos mais seis municípios (três Comarcas) que se desmembraram da sua implantação .
Paranaíta e Apiacás vêm crescendo e consolidando suas economias, com a implantação de uma infra-estrutura também modelar como em Alta Floresta, apenas em um ritmo menos acelerado, mas com a mesma qualidade nas questões fundiárias.
Atualmente a região vem lutando para compatibilizar o desenvolvimento com as exigências ambientais. A sustentabilidade das atividades econômicas já é uma realidade aceita e perseguida pela maioria dos vetores econômicos; a eventual discordância diz respeito ao tempo necessário para a correção dos rumos e a forma pouco respeitosa definida pela política do governo federal. O passivo ambiental atualmente cobrado do setor produtivo foi fruto da ocupação intensa estimulada por políticas governamentais nas décadas de 70 à 90. “Estamos há trinta anos ocupando o território produtivo da Amazônia matogrossense; se ocorreram erros, excessos ou desvios, que nos orientem, indiquem os caminhos e principalmente nos dêem mais trinta anos para a melhoria da ocupação ambiental; que seja valorizada a grande capacidade de realização dos que aqui habitam e que seja revista a esdrúxula legislação baseada em Medidas Provisórias”, afirma Vicente Da Riva, Diretor de Planejamento e Presidente da Indeco no período de 1973 à 1996.