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Agricultores familiares ganham renda com turismo rural em MT

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A fim de estimular alunos e agricultores no resgate histórico da região de Cáceres e fomentar o turismo rural foram realizadas algumas visitas técnicas durante o I Encontro Mato-grossense sobre Turismo Rural na agricultura familiar. As visitas ensinaram sobre sustentabilidade nas ações e a importância da preservação ambiental bem como a possibilidade de aumentar a renda familiar usando o Cluster turístico, ou seja, esse conjunto de setores e atrativos com diferencial turístico destacado, concentrado num espaço geográfico delimitado (no caso a região de Cáceres), dotado de equipamentos, estruturas e serviços de qualidade.

Considerada patrimônio histórico e cultural, a Fazenda Jacobina teve sua existência comprovada antes mesmo da fundação do município de Cáceres. A fazenda pertence à família do senhor Sebastião Natalino Lara desde 1912. “Meu pai (Vitório da Silva Lara) comprou aqui em 1912. Eu e mais oito irmãos nascemos todos aqui. Por causa da herança, a fazenda foi dividida em nove partes, mas hoje só eu e uma irmã ainda temos terra”, ressaltou o senhor Sebastião. Ele é casado com dona Terezinha Arantes de Campos Lara, mais conhecida como dona Têca. Com três filhos, sendo dois formados em Medicina e outro que é veterinário, Adriano de Campos Lara, e que ajuda o pai a cuidar da Jacobina.

A sede da fazenda ainda conserva arquitetura, piso português original e velhas máquinas do antigo moinho, importadas da Inglaterra. São mais de 240 anos de história, onde seus proprietários, historiadores, arqueólogos, técnicos da prefeitura municipal e os técnicos da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) trabalham juntos num projeto para resgatar a história da Fazenda Jacobina, juntando o antigo com o novo para transformar a fazenda numa pousada e inserí-la no turismo rural sustentável. A fazenda tem produção da pecuária leiteira e de corte, piscicultura e mais, recentemente, está funcionando somente para almoço. O restaurante Jacobina, que funciona no mesmo espaço onde foi a senzala dos escravos, foi reformado e oferece um cardápio delicioso tipicamente da roça.

Na palestra realizada pelo professor Luciano Silva, que é historiador, arqueólogo e chefe do Departamento de História da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), além de situar o grupo sobre tudo o que diz respeito a documentos históricos da Jacobina, também alertou os agricultores e alunos a terem um cuidado maior quando forem lidar com suas terras, pois na região há ainda muitos vestígios arqueológicos. “Quando a gente identifica um objeto de estudo, temos que ir a fundo na documentação e assim aprofundar a pesquisa, pois Cáceres já faz parte do plano de ação das cidades históricas”, ressaltou o professor Luciano Silva. Ao encontrarem algum desses vestígios, deverão informar o Centro de Pesquisa e Museu Arqueologia, Etnografia, Antrologia, Paleontologia e Espeleologia (referente a caverna) da Unemat – Cáceres, pelo telefone: (65) 3224-1438 begin_of_the_skype_highlighting (65) 3224-1438 end_of_the_skype_highlighting (falar com Éder Júnior Vilasim, secretário do Museu).

Primeiro criatório comercial de jacarés do Brasil, atuando desde 1990, a Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal (Coocrijapan) respeita o meio ambiente e combate à caça predatória indiscriminada, gera emprego e renda à comunidade. A carne de jacaré é nobre e exótica, tem baixa concentração de calorias e gorduras, além de ser rica em proteínas.

Da coleta dos ovos até sua comercialização e utilização final tudo é sustentavelmente pensado, planejado e executado. O jacaré tem 100% de aproveitamento: na alimentação, artesanato decorativo e vestuário (calçados, bolsas e acessórios). A cooperativa conta com o trabalho constante do Serviço de Inspeção Federal (SIF). São 13 fazendas cadastradas, que com a devida autorização do Ibama, a cooperativa faz a coleta controlada, de 40% de ovos nos ninhos de cada fazenda. São cerca de 40 mil animais em cativeiro. 2.500 mil animais abatidos por mês e média de comercialização de 5 a 6 toneladas por mês. As vendas são concentradas em São Paulo, Goiânia, Minas Gerais e Brasília. Em Mato Grosso a comercialização ainda é inexpressiva: “a pouca comercialização verificada em Mato Grosso é devido a mentalidade de muitos, que ainda praticam a caça predatória, não só de jacarés como de outros animais silvestres”, explicou Weber Girardi, gerente de marketing e comercialização da Coocrijapan.

A carne de jacaré tem nove cortes funcionais: a carcaça do jacaré inteiro (limpo e sem pele, muito utilizado em churrascarias), a ponta de cauda, filé de cauda, filé de lombo, filé de dorso, filé mignon, aparas, coxa, iscas e sobre coxas. A novidade no mercado são as linguiças do tipo apimentada e com ervas finas. São vinte e cinco receitas testadas, desde as mais simples para o dia a dia até sofisticadas elaboradas por grandes chefes de cozinha de São Paulo. Receitas culinárias disponíveis pelo site: www.coocrijapan.com.br

A Coocrijapan é exemplo de uma cooperativa que, trabalhando uma cadeia produtiva como o jacaré, deu certo e serve de estímulo para que outras cadeias de animais silvestres sejam trabalhadas.

Já o Roteiro Ponta do Morro, teve visitação em duas propriedades: Gruta Dolina da Água Milagrosa (enorme buraco formado em um dos morros, com água azul e transparente no fundo. Propício para o banho e mergulho, localizada a 40 km do centro de Cáceres, onde já foram encontradas pinturas rupestres e seu acesso é pela estrada que liga Cáceres à Barra do Bugres) e Balneário Ponta do Morro (localizado na margem esquerda do Córrego Piraputanga, a 21 km do centro de Cáceres. Tem turismo de lazer, estrutura com piscina, pesque e solte, trilhas ecológicas e restaurante). A Comunidade Piraputanga (a qual fazem parte as duas propriedades visitadas) já trabalha em forma de associação organizada, pois a comunidade já teve um trabalho anterior com o turismo rural e essa visita técnica mostrou um exemplo de roteiro turístico atraente.

Para capacitar, buscar informações técnicas e se especializar, para melhorar sua propriedade, os agricultores e produtores conheceram a estrutura e instalações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) Campus-Cáceres.

O evento foi organizado pela Coordenadoria Regional da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) do município de Cáceres, em parcerias com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Secretaria do Estado de Desenvolvimento Rural (Seder), Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo (Sedtur), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), prefeituras municipais e o MT Regional.

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